segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ME-DO!

Ontem minha sorte do dia, no orkut, dizia: comece a ler um livro hoje!
Eu comecei hoje, não o hoje do orkut, porque o hoje do orkut era ontem. hoje de hoje, de domingo, que já é segunda, porque já passou da meia-noite.
O livro escolhido foi "Crime e Castigo", do Dostoiévski. Eis que na primeira página do primeiro capítulo (como ando disléxica, juro que tinha escrito castigo no lugar de capítulo), encontro um questionamento que já vem me perturbando há algum tempo:

"É inacreditável que, quando tenho em mente um projeto tão arriscado, me preocupe com tais ninharias", pensava ele, com um sorriso singular. "Hum... sim... o homem tem tudo entre as mãos, e se deixa escapar tudo é porque tem medo... Isto é um axioma...é curioso: de que será que a gente tem mais medo? O que mais receamos é o que nos faz sair dos nossos hábitos. Mas estou por aqui a divagar e é por divagar tanto que não faço nada. É verdade que eu poderia alegar esta outra razão: é porque nada faço que divago tanto. Há um mês habituei-me a falar sozinho, encolhido a um canto durante dias inteiros, preocupado com ninharias. Vejamos, em que me vou meter? Serei capaz disso? Será isso sério? Não, isso não é sério. São brincadeiras que preocupam o meu espírito; simples brincadeiras".

É óbvio que eu não estou planejando um homicídio. Mas tenho me preocupado com ninharias e deixado o medo falar bem mais alto. É mais que medo, é um pavor! Vou sair de um hábito automático e criar outro, que pouco conheço. Horror, porque desconfio da minha capacidade, minha insegurança grita descontrolada, mesmo que eu tente amordaçá-la. Receosa porque é quase inimaginável que aquilo que eu desejei tanto, quase de maneira despercebida, vai acontecer.

PS.: Já escrevi sobre o medo que eu tenho, quando as coisas que eu quero acabam acontecendo. Para ler:
http://butterflieskiller.blogspot.com/2008/02/tudo-o-que-eu-quero.html

esqueci como coloca link =(

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Eu não sou engraçada, nunca consegui ser, e nunca serei.
Mas a vida é engraçada. Minha vida é engraçada. Mas eu nunca vou conseguir fazer alguém rir se eu escrever sobre tudo o que acontece na minha vida.
Hoje, eu só queria deixar isso registrado.
Essa minha vida é uma coisa muito louca.
E eu rio sozinha.

domingo, 7 de dezembro de 2008

convenções e contradições

Teve um esses dias, de uma amiga que eu amo. Não fui porque não pude, mesmo. Tava até o pescoço com as coisa do TCC e simplesmente não dava. Eu tinha que estabelecer um objetivo na vida e deixar de lado essa maluquice que tentava me impedir de terminar a faculdade(era um medo gigante de largar a vida de faculdade, depois de sete anos). Dessa vez não teve como. Eu tive que ir. Me senti a Carrie, do Sex and the city. Indo de táxi, sozinha, para um casamento. Eu ia encontrar alguns conhecidos e, afinal, sou uma mulher moderna e resolvida. Chegando lá, eu era a única solteira, sozinha e rodeada por casais felizes. Olhando tudo aquilo, minha amiga com o sorriso na orelha, me senti feliz por ela e por mim.
Foi o primeiro casamento de uma amiga. Eu achava que ia pensar: Meu Deus, minhas amigas estão casando e eu estou ficando pra titia.
Não foi nada disso! Eu tive certeza que nunca estarei numa situação dessas. Tá, falando assim, parece que eu acho ruim, mas ruim não é o adjetivo exato. Cada um pensa do jeito que quiser, tem sonho de fazer faculdade, casar, comprar seu apê e ter filhos.
Eu não! Há um bom tempo aliás. Lembro de uma conversa que tive com a minha mãe. Eu tava contando que meu então namorado tava querendo morar comigo. Ela perguntou o que eu achava e eu disse que não queria. Ela me olhou espantada e perguntou: Então o que você tá fazendo com ele? - Ué mãe, sexo. Depois de um olhar de censura e um pouco de risada, eu expliquei que quero muito mais da vida e que, morando com alguém aos vinte e poucos anos, minhas chances de fazer tudo o que eu quero seriam podadas, se não completamente, pelo menos pela metade. Expliquei que gostava dele, mas que meus sonhos iam muito além de casar e ter filhos. Não nego que eu gostava de estar com ele e achava que ia ficar com ele pra sempre. Mas aí, morar junto, assim, antes de ter feito tudo que eu tenha necessidade de fazer sozinha, já é demais. Eu preciso me conhecer muito melhor, encontrar meu equilíbrio, me amar mais, viajar mais, conhecer mais pessoas. Quero, sozinha, comprar meu apartamento, meu carro, viajar e ter meus dias sozinha em casa, tomando vinho e lendo um bom livro, sem roupa e quietinha.
Então aquele não era o momento. Agora eu vou parecer um pouco contraditória, mas é preciso lembrar que aquele não era o momento. Eu quero, sim, um dia, quem sabe, morar com alguém. Mas não quero casar. Casamento-convenção, na minha vida, sempre remeteu ao fracasso. Você pode julgar, dizendo que eu sou traumatizada porque o casamento dos meus pais não deu certo. Ok, esse pode ser um fator de influência, mas não é o único. Pra que casar? Gastar dinheiro, fazer uma cerimônia pra mostrar pra todo mundo que o amor dos dois é único o eterno. Eterno o caralho! Eu não vou prometer uma coisa que não sei se vou cumprir, nem ouvir uma coisa que não sei se o cara vai poder cumprir. Não boto minha mão no fogo por ninguém, também.
Quando eu for morar com alguém, vai ser porque eu quero estar ali e porque eu sinto que a pessoa realmente me quer do lado dela. Enquanto esse sentimento durar eu fico por lá. Quando eu perceber que o sentimento está dando espaço à posse ou ao hábito, eu faço minha trouxa e vou embora. É por isso, porque o amor só existe quando duas pessoas se doam, completamente, que eu não preciso provar nada pra ninguém nem fazer juramento nenhum. E porque eu entendo que um dia ou outro as coisas podem mudar, tudo muda, o tempo todo, até as convenções. Minha mãe vê de um jeito, eu vejo de outro, mas respeito muito o que ela pensa. O que os outro pensam sobre isso também, que fique bem claro.
Se prestarmos um pouco mais de atenção, nem tudo é tão sofrido quanto a gente pensa, talvez a gente até acabe tornando tudo mais sofrido do que deveria ser. O que eu realmente quero dizer é que, sofrer, meu bem, não é tão ruim assim.

No final, me senti muito bem por estar ali, vendo minha amiga realizar o seu sonho, sozinha e com toda a independência pra sair de lá e ir pra outra festa encontrar, outros amigos e conhecer novas pessoas.

Merece:

Soneto de fidelidade - Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Uma madrugada de sexta...

... uma conversa no Gtalk

amanda: VOU NO RADIOHEAD OMG MORRI
eu: to sem sono e nao tenho cigarro
amanda: VC IGNOROU COMPLETAMENTE O QUE EU DISSE?
Nova mensagem de status de amanda - RADIOHEAD EU VOU OMG 00:28
eu: hahahaha
ah meu so mó ignorante musical
nunca ouvi muito radiohead véi
amanda: MEU
MEU
MEU
MEU
RADIOHEAD NO BRASIL
EM MARÇO
EM SAO PAULO
E EU VOU
eu: quero um cigarro
amanda: cala a boca e me escuta
hauheuahueha
RADIOHEAD
BRASIL
EU
VOU
auheuhauehuahuea
eu: to escutando, q coisa mais unilatereal
ditatorial
amanda: mas mas mas mas mas mas é RADIOHEAD
eu: joga um cigarro da janela q eu vou buscar
amanda: thom yorke vai me ensinar a dançar que nem o charme chulo
quer mesmo?
chega ai
eu: JURA? avisa qdo eu puder sair
amanda: uahheuha desce aí
eu: to indo =0
joga 2
hahahaa
Enviado às 00:33 de sexta-feira

Uma louca. Descabelada. No centro da cidade. No meio da rua. Olhando para o alto. esperando uma chuva de cigarros.

eu: masssaaaa hahaha =)
Enviado às 00:38 de sexta-feira
eu: aiai
amanda: ãiãi
amanda: lãuca


Coisas simples, assim, me deixam mais feliz.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

astro girl

Eu dançava brega, bebendo cerveja na garrafa de 600 ml. Minha maquiagem tava borrada, meu cabelo despenteado. Eu já tinha chorado e mandado mensagem pra quem não devia - bêbado com celular é uma bosta.
Do nada ele me puxou pela mão e me levou pro balcão do bar. Pediu uma água (pra mim, hehe). Conversamos um pouco, fiz perguntar bestas como: por que um homem trai uma mulher?
Ele me deu três respostas prováveis. As mais verdadeiras e sinceras que ouvi até hoje.
Eu deixei ele ali. Voltei três minutos depois. Beijei. Passei meu telefone e fui embora, de novo.
No outro dia meu telefone tocou. E no outro. E no final de uma tarde de domingo gostosa. E numa madrugada que eu não pude sair, a voz embriagada do outro lado disse:
- Viu só! Você não quis sair comigo e agora tô bêbado. Te amo!
Era tão espontâneo e sincero e tão massa. Eu era tão eu, mas ficava cega nos momentos em que não devia.
Até que um dia, num ato de auto-boicote, virei uma astronauta. Uma astronauta idiota e com pouco oxigênio.
Agora tô fora de órbita até sei lá quando. Mas o negócio é que eu gosto de extra-terrestres.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O avesso

Uma mulher determinada. Apesar de em sua vida não ter alcançado grande sucesso profissional, nem ter vivido um grande amor, desses com final feliz pra sempre, ela transformava a felicidade das pessoas que amava em sua própria felicidade. Não era egoísta. Deixou de correr atrás de muitos sonhos para se dedicar a sua família.
Mesmo não sendo a família perfeita, com porta-retratos cheios de sorrisos espalhados pela casa. Casa que, aliás, ainda estava em construção, vinte anos depois. Não tinha móveis planejados, nem uma decoração bem pensada. Não fazia diferença, era um lar, um porto seguro, o seu espaço. Representava bem a sua vida. Fragmentos como peças de um quebra-cabeças que nunca se encaixavam.
Mas ela não parou um minuto de pensar em quem amava. Nem quando foi traída, nem quando foi abandonada. Nem quando todo mundo precisava seguir o seu destino e a distância a separou de quem mais amava. "Quero que meus filhos tenham tudo o que eu nunca tive", sempre dizia, com uma sinceridade e um total desapego a seus próprios objetivos, aqueles que havia deixado pra trás já havia tanto tempo.
Ela não parou um minuto. Ela pode até ter pensado em desistir, mas não desistiu por um só segundo.
Um dia ela acordou, de uma noite mal dormida, sozinha em sua cama. O mundo girava. A sensação era de flutuação, como se nada mais a prendesse ao chão. Quando abriu os olhos e mirou o teto, um redemoinho estava prestes a tragá-la. Ela fechou novamente os olhos azuis, profundos e iluminados, bem apertados. Era a sua única forma de defesa naquele momento. Como se o simples fato de não enxergar, pudesse apagar da sua memória a existência do perigo.
Ela precisava resistir. Não poderia ser sugada. Quando levantou e abriu uma fresta dos olhos, procurando o chão, um abismo se abriu e começava a puxá-la.
Ela voltou para a cama, de olhos cerrados. Ali era seguro. Revirou às cegas o criado mudo em busca de papel e caneta. Ela precisava que soubessem o quanto as amava. De bruços, caneta em punho, suas palavras eram tortas e tremidas, os travesseiros macios não permitiam a firmeza da sua letra arredondada. Só ela sabia o esforço que fazia e o quanto aquelas palavras eram importantes.
Naquele momento, lembrava de cada detalhe da sua vida e se perguntava se aquele seria mesmo o fim. Questionava se tudo o que fizera, se todas as abdicações tinham valido a pena. Ao escrever, lágrimas finas manchavam o papel. Com a mão trêmula, registrou tudo o que precisava ser feito a partir do momento que ela deixasse sua existência às avessas.
Era às avessas que ela imaginava sua vida, sempre. Como se contorcer todos os fatos, falas, pessoas e escolhas pudesse ter dado um destino mais claro e direito a sua história. Mal sabia ela que seu avesso era a forma da vida lhe mostrar que não só as coisas belas e perfeitas podem ser apreciadas. Seu avesso era perfeito a seu modo. O avesso, do avesso, do avesso.
Acabou a carta e, com ela, o redemoinho e o abismo se foram. Como se algumas coisas precisassem ser ditas, mesmo que no silêncio de rabiscos pincelados à lágrimas, para matar tudo aquilo que já não fazia sentido ter vida. Assim, só assim, ela poderia renascer.
E como sempre, ela não desistiu por um segundo. Nem dela, nem de ninguém.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pronto!



Banca segunda-feira!

Quem quiser ler inteiro, pede. =)

domingo, 23 de novembro de 2008

desconforto

Por que, quando não amamos, estamos mais propensos a escrever sobre o amor? Não sei se este é o seu caso, mas é o meu. Até cheguei a uma conclusão absurda: É pra preencher espaço. Já que o amor não existe dentro de mim, falemos como ele é, não é, deveria ser, poderia ser, gostaria de ser, aqui fora. Se é que ele habita esse vazio exterior.
Que o amor é uma coisa louca, todos sabem, mas ele também dispensa sentidos: a fala e a visão. Você pode até achar o cara bonitinho, ele pode se vestir bem e ter aquelas costeletas que você adora. Pode ser inteligente, e com ele rolam aqueles papos super desconexos e engraçados, ele pode falar tudo aquilo que você sempre quis ouvir. Mas se quando você fechar os olhos, e deixar agir só tato e olfato, não sentir aquelas ondas elétricas que dão aquele frio na barriga e arrepiam até a alma, não orna.
Não adianta insistir! Nem dar uma chance, nem pensar melhor sobre o assunto. Essas coisas simplesmente não são assunto da razão! É o corpo querendo estar perto, mais perto, encaixado. Você nem planejou e as suas roupas já estão jogadas no chão, o pudor não faz mais sentido algum. Vocês não precisam falar nada, nem ver nada. É com os olhos fechados e a boca calada, que você mais vê, mais fala, mais sente. Tudo se resume a sentir a pele, secar o suor, trocar fluidos.
O amor só acontece quando seus poros sentem falta do calor da pele, quando seu nariz precisa daquele cheiro mais que do ar, quando suas mãos sentem falta de ficar fazendo aquele carinho bobo na barriga dele, quando a sua cabeça sente falta de ficar aconchegada no seu ombro, porque aquele ali é o seu lugar, foi feito pra você.
Como as pessoas, até algum tempo atrás, conseguiam casar sem antes amar? Não pode ser só de hoje que os vestidos de noiva brancos escondem muito sexo antes do altar. Eles dizem pureza, mas quer mais purificação do que o amor, do que a carne, do que o seu corpo precisando do meu pra não se desfazer com qualquer ventinho à toa?
É desse amor cego que você pode chegar a este amor inexplicável e incerto, que todo mundo quer um dia. Não vejo outra forma. Se não tiver pele, não tem amor. Se não houver a cumplicidade da entrega muda e cega, não é amor.
Quando eu amei, foi como se ele tivesse colocado uma semente no seu estômago - não, não é no coração - porque é ali que tudo irrompia quando eu sentia o seu cheiro, quando tocava a sua pele. E quando ele não estava por perto, a semente doía, era apenas uma intrusa. Assim como eu, ela era regada nos momentos em que nos abraçávamos ensopados de suor, fatigados pelo gozo.
Mas a semente morre quando não é regada. Ela secou. Eu vomitei. O amor acabou. É assim, o amor. Você cheira, você toca, você beija, você fica sem ar. Mas a semente é só uma semente, dela não nasce uma flor - ainda bem!-, ela apenas se aloja no seu estômago, enquanto faz sentido estar ali. Pode ser que nunca morra, mas não há nenhuma garantia de que um dia ela não vai secar.
Mas depois, vem outro cheiro, outro toque, outra forma de mudez, outra cegueira, outro desconforto gostoso no estômago...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

mapa

Foi sentada no vaso do banheiro de uma casa de shows que tive tempo de contar as pintinhas dos meus braços. O banheiro era o lugar mais frio e aonde o ar não vinha acompanhado de densas gotas de suor. Estava no local do show que eu não assisti, porque o ar e a cerveja estavam quentes demais. Foi lá, num cubículo cuja porta não fechava, que comecei a solitária contagem das minhas pintinhas. Divagando sobre o motivo da existência dessas pequenas manchas sem nenhum sentido, senão uma identidade não oficial da minha pele, lembrei como eu sempre quis um maldito alguém que tivesse paciência suficiente para contar todas elas. E eu tenho muitas! Pelas minhas contas, provavelmente inexatas (sabe como é, ligações confusas de neurônios pelo excesso de álcool e falta de ar), mais de noventa só nos braços. Eu posso fazer QUALQUER COISA sozinha. Menos contar todas as minhas pintinhas. Até agora, os contadores que se dispuseram à missão não chegaram à metade. Desistiram no meio do caminho. Preferiram ligar os pontos e fazer desenhos, escrever na minha barriga, beijar meu pescoço, tentar me matar com cócegas, mas nenhum terminou a conta.

Por que existem essas malditas pintinhas? São centenas espalhadas pelo meu corpo, e só por elas, por nenhum outro motivo, eu preciso de alguém. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

poliamor

- o termo vem do francês, Polyamory.

- a palavra é agradável, mas sou suspeita pra falar. Adoro francês! É uma língua linda. Eu já fiquei com um francês, você sabia? Tinha terminado com meu ex e fui pra uma balada, ele era lindo - o francês. Depois de um jogo de sedução repleto de olhares, mordidas no canudinho, etc., ele me chamou. Foi só então que soube que ele era francês, aí a vontade triplicou. Pena que ele queria falar português. Tava fazendo um intercâmbio e queria aprender a língua. Nada melhor que a minha pra ajudar. Sempre quis ouvir umas sacanagens em francês ao pé do ouvido. Mas o sotaque já tava valendo.

- e aí?

- foi legal, mas depois, conversando com o amigo dele, que também era francês, descobri que tinha beijado o francês errado. Até hoje devo ter o telefone do Sebastian na agenda do meu celular. O negócio é, o francês errado veio com um papo que lá no país dele quando você ficava com alguém era porque ia pra cama. Se ele só tivesse me convidado pra ir pra casa com ele, eu até teria ido. Mas vem com esse papinho? Pra cima de moi? Tive certeza que ele era um tosco. Não fui!

- se arrependeu?

- um pouco, mas quando eu for pra França conheço um representante mais legal da língua. Essas sacanagens vêm todas do francês né, polyamory, ménage à trois. Mas voltando ao assunto. Poliamor. Será que funciona?

- não sei. Acho que a pessoa tem que ser muito evoluída. O matrimonio é uma instituição, coisa de religião, tem até lei pra isso. Não deixam escolhas.

- uma vez, em uma dessas noites loucas de minha vida, conheci um cara que era a favor do poliamor. Ele e a namorada ficavam com outras pessoas, sem problemas. Ele disse que só ficava com ciúmes quando percebia que ela podia vir a gostar do outro cara. Minha amiga disse que o conceito era moderno demais pra ela, que jamais conseguiria. Mas a história me fez refletir um pouco sobre a questão da posse. O amor hoje em dia tá mais ligado a isso. Você é meu e de mais ninguém.

- será que o amor de verdade não é aquele livre, que pode até sair com outras pessoas, mas sempre volta pra pessoa por quem nutre um sentimento de verdade? Será que o amor é podar, proibir, possuir?

- foi exatamente isso que pensei. Os românticos dizem que quando a gente ama não quer mais ninguém.

- mas será que todas as relações são assim mesmo? Será que todo mundo é igual? Essas coisas têm limites?

- Têm! A sociedade impôs. Claro que vários motivos estão na raiz de tudo. Mas seria melhor deixar cada um escolher o que é melhor pra si. Sei lá, eu sou muito ciumenta, quando to com alguém morro de pavor só de pensar que eu posso ser traída, que exista outra pessoa. E sabe, isso já aconteceu. Fui trocada e doeu.

- Quem não passou por isso? Dói perder, dói o ego, dói tudo. O ar parece que vira areia. A falta do cheiro, do calor, das conversas, do sexo. Dói ver um casal feliz se beijando. Você sempre joga uma praga: vocês estão assim agora, mas tudo vai desaguar em lágrimas. Pura maldade.

- O que é o amor??? É sempre uma coisa tão doentia. Já conheci casais tão legais, mas do nada as coisas mudam e são poucos os que conseguem continuar sendo amigos. Por que tem que ser uma ruptura, por que tem que rolar sacanagens? O amor é uma solução pra solidão, mas a solidão não é um problema. Já a solução amor traz mais uma pancada de problemas e as pessoas ficam insanas.

- é, eu sou uma amante insana. Sempre fico muito louca quando to amando. Acho que por isso não amo mais, fico mais inteligente solteira.

- Conheci gente que sofreu tanto por amor, já sofri muito também. Por que amor é uma solução tão sofrida?

- Acho que porque pensamos nele como solução. Vai ver o amor é só uma diversão temporária, que não deve ser levada tão a sério. Queria ser mais racional e conseguir levar isso pra prática.

- Você acha que conseguiria ser um poliamante?

- Só se eu não amasse de verdade. E você?

- Não, acho que não, amor tem intrínseca essa coisa de exclusividade. Mas o que é amar de verdade?

- É incerteza, talvez.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

(i)realidade

"Dá-me a tua mão desconhecida, que a vida está me doendo, e não sei como falar - a realidade é delicada demais, só a realidade é delicada, minha irrealidade e minha imaginação são mais pesadas."

Clarice Lispector


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

pressão

eu não queria escrever, mas parece que depois que falo qualquer besteira repetitiva aqui eu me sinto bem melhor e consigo escrever algo útil. Como a matéria sobre o condomínio da biodiversidade que eu tenho que acabar ainda hoje. Falando nesse assunto, me senti uma ignorante perto de uma garota de 15 anos que sabe muito de meio ambiente. é super bacana saber que alguém com essa idade sabe cem vezes o que eu sabia sobre o assunto, quando tinha a mesma idade. E me mostra que eu tenho muito o que aprender ainda, e que nunca vou saber tudo, cabeçona.

tenho que parar de fumar. isso ainda vai me matar.

ps.: a situação é grave, já estou falando com o blog...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

fotografias não reveladas

sua testa já tinha três rugas bem formadas. aquelas de preocupação. ela vivia com o cenho cerrado. se dizia persistente, mas era teimosa. sempre que acordava, achava que tinha pele demais em seu rosto.  bolsas embaixo dos olhos, bochechas caídas, nariz inchado. ela nunca se via daquele jeito. era um choque acordar toda manhã e não ter tempo de criar sua imagem antes de se olhar no espelho. era um reflexo de algo que ela não queria ser. medíocre.
ela era repetitiva. nunca tinha boas histórias e quando as tinha, contava uma, duas, três, cinco vezes para a mesma pessoa, com detalhes, como um silêncio constrangido de dois segundos, no qual ela olhara para o nada sem saber o que falar e se questionara: o que eu estou fazendo aqui?nada mudou, tudo continua como era e é como se eu tivesse viajado anos luz ao passado, pra reviver uma história que eu já vi o final algumas vezes. é melhor não tocar no assunto. vou fingir que não sei de nada, mesmo sabendo como tudo vai acabar, mesmo que o roteiro tenha exigido algumas mudanças de fala. 
(era também redundante, em coisas completamente sem sentido. releia os trechos de seu pensamento: "nada mudou, tudo continua como era" e "vou fingir que não sei de nada, mesmo sabendo como tudo vai acabar". a redundância é uma tática para assimilação, como se fosse lhe ajudar a não esquecer, NUNCA, daquilo).
sua resposta da fala para as ordens do cérebro era retardada, e era exatamente assim que ela parecia quando emendava um comentário igual ao que alguém já tinha feito. mesmo que pensasse: ei, pensei isso antes, não só repeti o que você falou, já era tarde demais para reparações, então ela ria um risinho falso e continuava no assunto, sempre com argumentos atrasados demais, repetindo finais de frases alheias.
as táticas de assimilação existiam pela memória fraca. precisava sempre que ficassem relembrando coisas que ela já devia saber há muito tempo. determinar o exato momento para parar de persistir em uma causa perdida, por exemplo, era um problema. como se o sofrimento por desistir de alguma coisa, ou de alguém, pudesse ser maior que a dor trazida pela situação. ela computava causas perdidas como perdas. dizia que sabia perder e achava digno chorar por aquilo, mas nunca abandonava o sentimento.
sua memória era boa para últimos momentos, principalmente quando eles eram rompimentos. alguns último momentos já eram antepenúltimos e continuavam gravados fortes em sua memória, como as profundas queimaduras que ela tinha nos braços e que não haviam desaparecido com o tempo. ela sempre se pegava em pensamentos soltos e concluía: sua memória só era boa para as recordações erradas, como aquelas fotografias que não valiam a pena ser reveladas.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Agradecimentos

Pink Floyd, te dedico (palavra estranha) meu tcc.
Henry Chinaski, te dedico toda minha insanidade (momentânea) - Amanda, obrigada por emprestar o livro.
Me dedico mais energético e muita cerveja.

sem mais palavras para o momento.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

santa chuva

"Não há porque chorar por um amor que já morreu,
Deixa pra lá, eu vou, adeus.
Meu coração já se cansou de falsidade"

sábado, 25 de outubro de 2008

Fungos

Eu andava desligada, sem concentração, não conseguia pensar. Juro! Estava tudo no automático, nada era analisado por um ângulo mas crítico. Nada me tocava, NADA me deixava nem alegre, nem triste. As coisas, fossem como fossem, não precisavam de interferência, estavam ali, uma relação unilateral entre o mundo e eu. Procurei ajuda especializada. Medicina alternativa. E vem o diagnóstico: fungos mentais. No primeiro momento imaginei meu cérebro tomado por fungos, eles eram verdes. Achei graça! Depois lembrei que quando fiz aquele exame que identifica alergias, a única mais grave era justamente fungo. Filhos da puta! Podiam me afetar em qualquer parte, sabendo que sou vulnerável a eles, mas poxa, justo no cérebro? Muita sacanagem. Já me imaginei com cogumelos saindo pelas orelhas. Nojento!
- Como assim, fungos mentais?
Ela - uma senhora simpática que adorou a blusa estilosa que eu usava, da minha mãe por acaso, e morreu de sono quando começou a conversar comigo, dizendo que não era cansaço dela, mas sim as minhas energias que ela estava absorvendo, todas negativas - riu.
- Não é como você está imaginando. São seus pensamentos, nada do plano material.
Meus pensamentos boloraram. Como aquele resto de lasanha de abobrinha que eu deixei uma semana na geladeira. Uma semana é muito tempo para uma lasanha de abobrinha. Mas qual é o prazo de validade para um pensamento?
Sabe, nunca tinha pensado nisso. Um pensamento novo. Quanto tempo ele irá durar sem ser tomado por fungos?
- E qual a cura?
- Parar de trazer esse pensamento do passado para o presente. Tudo, em seu devido lugar, se mantém conservado.
Fungos podem ser decompositores ou parasitas. Esses não eram decompositores, caso contrário, teriam matado os pensamentos. Como parasitas estavam tentando infectar tudo e roubar todas as minhas idéias. Quanta coisa boa eu perdi alimentando fungos.
Trabalho difícil acabar com eles. Mas meus pensamentos bolorados precisavam ser isolados. Pelo que entendi, com seu posto de lembranças longínqüas, eles não fazem mal nenhum. Os fungos não contaminariam o resto dos pensamentos presentes. Seria bem mais simples usar um fungicida, via oral, nasal, intravenoso, eu estava disposta a tudo. Mas fungos mentais não são tão simples. Desgraçados parasitas. Precisam de um trabalho intenso, policiamento contínuo. Me ocorreu então, que perdoar fosse o melhor remédio. Sem ressentimentos, com os fungos, e com o maldito pensamento que não me deixava em paz, mesmo que eu não soubesse que ele estava ali, eu poderia me curar.
O conhecimento da sua existência era o primeiro passo. Eles estavam ali, fungos entrelaçando aos meus pensamentos impedindo qualquer conexão entre meus neurônios. Não por acaso, tinha sonhos estranhos dos quais não me lembro nem a metade. Como uma coisa tão pequena pode fazer tamanho estrago?!
Foi então que perdoei. A descontaminação é lenta. Mas já sinto sinais de melhora. Já consigo enxergar melhor as pequenas coisas da vida que fazem sentido, rir, ficar triste e, pasmem, voltei a fazer piadas sem graça.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"A consciência é um estorvo. Ela é como uma criança. Se você enchê-la de mimos, brincar com ela e deixá-la ter tudo o que deseja, irá estragá-la, e ela vai se intrometer em todos os seus prazeres e pesares. Trate a sua consciência como se deve tratar uma criança. Quando ela se mostrar rebelde, bata nela, seja severo, discuta, evite que ela venha brinca com o senhor a qualquer momento. Assim o senhor terá uma boa consciência. Em outras palavras, uma consciência devidamente treinada. Uma consciência mimada acaba com todos os prazeres da vida. Eu acho que a minha me obedece. Pelo menos ela não me aborrece há algum tempo. Talvez eu a tenha matado por excesso de severidade. É errado matar uma criança, mas, apesar de tudo o que disse, a consciência difere da criança em vários aspectos. Talvez o melhor seja matá-la".
Mark Twain, pseudônimo de Samuel Langborn Clemens (1835-1910).

"Mark Twain"era o grito dos homens que sondavam a profundidade do leito do Rio Mississipi, significa, "numa corruptela do inglês, uma medida de duas braças, ou 20 palmos". Ele foi gráfico, ourives e marinheiro de embarcações no Rio Mississipi, antes de se tornar editor em um jornal de Nevada.

Tirei o trecho do livro "A arte da entrevista", onde está publicada a entrevista que ele concedeu a Rudyard Kliping para o From Sea to Sea, em 1889.

Uma sugestão: http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024
A Mari me indicou e eu estou quase terminando de ver.

sábado, 4 de outubro de 2008

Você sempre pode pensar que já viveu muita coisa nessa vida e que, dificilmente, alguma coisa irá te surpreender. Você acredita nas pessoas, ou ainda tenta acreditar, tenta jogar fora aquela preguiça toda que invarialmente faz você pensar que levantar da sua cama e ser simpática e amável, é desperdiçar seu tempo. Mesmo porque, é com o tempo, que você percebe que tudo e todos cansam tanto, e você já está apática. O piloto automático está ligado! Você ri amarelo mesmo, não ouve o que te falam porque na maioria das vezes o que se fala, entende ou pensa, é egoísmo e narcisismo. Aquela desculpa que você dava pra você, pelo outros, de que era involuntário, já não funciona mais.
Você vê o mundo com outros olhos e todos rastejam. Todo mundo é sujo, cheira mal e lambe o chão. É triste pensar um mundo assim. Mas é assim que eu vejo hoje. A chuva já não limpa as almas... não mais. É cruel, mas ao ponto que chegamos, acho que todos precisariam morrer, assim, uma nova espécie surgiria. Os novos habitantes da terra poderiam até rastejar, mas não como rastejamos hoje, não sem nenhuma dignidade ou escrúpulo, não para passar rasteiras, não para cheirar os rabos, não para rebaixar o que somos.
As almas seriam renovadas, o cheiro seria de flores, as intenções seriam boas, a solidariedade uma premissa para a sobrevivência e não uma estratégia para a trapaça, a humilhação e,  para o êxito individual (sujo e sórdido - é preciso ser redundante).
É tanta sujeira que a única coisa boa que temos, o amor, não é valorizado. Os seres rastejantes sempre dão um jeito de envenená-lo. Era pra ser tudo fácil, limpo, cheiroso, luminoso, simples, elevado... e escolheram o chão. Hoje nos esfregamos no esgoto e parecemos gostar.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

um breve parecer

existe vida inteligente fora do orkut!

domingo, 28 de setembro de 2008

We got a thousand points of light
For the homeless man
We got a kinder, gentler,
Machine gun hand
We got department stores and toilet paper
Got styrofoam boxes for the ozone layer
Got a man of the people, says keep hope alive
Got fuel to burn, got roads to drive

Keep on rockin' in the free world

sábado, 27 de setembro de 2008

o que faz uma pessoa melhor, o medo ou a coragem?
o que vale mais a pena, arriscar - perder ou ganhar - ou se preservar e não sentir nem o gosto da vitória nem da derrota?
é melhor aquele que em nada pensa? é dar uma chance pro medo e outra pra coragem, arriscar ou não, perder ou ganhar, aceitar e seguir?

eu sofro demais pelos outros, eu leio a tristeza nos olhos e sempre acho que poderia ser diferente, que eu poderia ser diferente. e se eu tivesse continuado em Guarapuava, o que teria acontecido... eu estaria perto deles? hoje todo mundo é distância. o mundo é distância e a medida é a velocidade da luz. hoje não temos muros, apenas estradas por onde não podemos caminhar.
hoje seu rosto é macilento e seus olhos fundos, você sofre e eu absorvi seu sofrimento, como se pudesse aliviar a dor. eu tenho mania de sentir a dor dos outros, porque me acho mais resistente.
eu sofro até pela pequenez alheia, porque acho que deve ser tão triste ser pequeno e lá vou eu querer aliviar. deve ser alguma culpa, alguma maldade de uma vida passada que tento compensar.
você já se deu conta de que toda pessoa pequena e limitada descobre seu ponto fraco e tenta te usar como escada? por pura idiotice eu sempre viro escada. mas não era nada disso que eu queria falar. eu falava da dor que eu sinto como se fosse minha, porque eu, como parte de você, apesar de que eu sou metade feita de você, consigo penetrar na sua mente e entender o que cada olhar vazio e sorriso fingido quer dizer, eu entendo o que cada palavra calada quis expressar e isso retorce meu estômago, fisga a minha espinha, rouba o meu ar. você é tão grande e mesmo assim foi esmagado. não te vejo chorar desde a vez que você me fez tão mal, que eu retribui o mal em dobro e você, pra não me maltratar mais, juntou tudo e fez o mal pior pra você. mas como teu mal tinha intenção de bem e meu mal só queria nosso bem em dobro, as feridas cicatrizaram.

ainda bem que sempre que eu deito na cama, me dou conta que não caibo dentro de mim e que alguma coisa ainda cresce aqui.

Já diria Fernando Pessoa, tudo vale a pena se a alma não é pequena.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

momento de auto-piedade

Deita, chora, abraça o travesseiro. Um breve momento de auto-piedade. "Por que eu? O que eu fiz pra merecer?"
Ouve aquela música alta. Pensa, se olha no espelho, aprecia lágrimas salgadas.
Pensa, pensa e pensa. Não tem solução. O desespero não leva a lugar nenhum.
Senta. Chora.
Nem todos os caminhos são escolhas. Alguns, são imposição.
Lava a cara, põe um casaco, óculos de sol e segue em frente.
Pronto, passou!

sábado, 13 de setembro de 2008

Tragicomédia

Ontem foi o dia mais desastrado da minha vida. (Se alguém não sabe, eu sou exagerada)
Acordei muito feliz, mais tarde do que deveria e fiz um trajeto perfeito até a faculdade, ouvindo as músicas da vez. Mas foi na faculdade que tudo começou. Eu precisava pegar a fita e o relatório de reportagem, que estavam na redação, pra editar uma matéria. Mas a chave estava com uma aluna que, por sua vez, estava em aula e quando meti o cabeção pela porta ela tava apresentando trabalho. Ok! Perdi uns 45 minutos aí. Depois eu NÃO TINHA O RELATÓRIO DE REPORTAGEM! Liguei pro grupo e pedi. Mais uns 30 minutinhos.
Abro a janela da ilha de edição, sento em frente ao computador e penso: se ontem tinha gente usando essa câmera pra capturar a imagens, porque eu não posso usar hoje?
Essa reflexão tem fundamento no aviso do menino que estava editando antes: a câmera estava com problemas e eu até tinha emprestado outra pra colocar no lugar dela. Mas a preguiça é uma praga.
Ligo a câmera, coloco a fita, aperto o play e... não funciona! Pra melhorar a situação (já eram 10h) a maldita-câmera-desalmada comeu a fita. Simmmm, aquela coisa brilhosa e desmongolada pra fora me lembrou uma barriga estripada, que eu nunca vi. Logo, não pode ter me lembrado nada, muito menos render uma analogia significativa pro meu texto. Ainda bem que o Luis existe e em menos de dois minutos, puxando daqui e dali a fita ficou ok.
Mãsssss, a matéria tinha probleminhas técnicos que me deixaram na ilha até 12h20 sem que eu tivesse conseguido terminar. Teria que voltar à noite.
Da faculdade até o trabalho e enquanto fiquei vendendo meu tempo, não lembro de nenhum acontecimento de má sorte, a não ser minhas bananas para o lanche que se tornaram uma massa inconsumível.
De volta à faculdade, vt editado em pouco tempo, enquanto meus amigos me esperavam no bar, bebendo cervejas importadas e comendo brownie com sorvete. Mas logo eu estaria lá, caso... não tivesse entrado no ônibus errado.
Isso mesmo! Peguei o famoso falcão prateado, ou Inter 2, pro lugar errado. Fui parar no campus de Agrárias da Federal. No tubo, só eu e o cobrador que estava cochilando e que, depois de acordar por dois minutos, me garantiu que o último ônibus em direção ao terminal tinha demorado 40 minutos.

Ao telefone:
- Gente, peguei o ônibus errado. Desisto de mim hoje, acho que é um sinal. Melhor ir pra casa.
Do outro lado:
- Faz o seguinte, vai pra casa que a gente te pega lá!

E eu fui. O bar tava cheio, demoramos duas horas pra conseguir uma mesa de sinuca e eu encaçapei uma única bola. Voltei tarde, dormi pouco e, apesar de tudo que "deu errado", eu me diverti muito rindo da minha cara.
Cada acontecimento inesperado mostrou que não adianta planejar muita coisa e ficar nervosa com o que acaba não dando certo, tendo um desvio de percurso ou mudando de enfoque. Sabe aquela incerteza que dói no peito e ao mesmo tempo faz ele bater mais forte?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

tem que ser assim

"Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinqüenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher."

Trecho do livro Carta a D., de André Gorz.
É lindo, você lê e chora. Coisa rara que não se encontra mais por aí, é o amor. Dizem que a gente não precisa procurar, ele nos encontra. To esperando, em meio a cigarros, cervejas e risos - nem falsos nem sinceros, só porque não têm motivo nenhum pra ser.

"Foi por amor que depois de quase 60 anos de casamento, o escritor e filósofo austríaco, radicado na França, André Gorz, resolveu aplicar uma injeção letal em si próprio e em Dorine, sua esposa, que descobriu-se portadora de uma doença degenerativa, a aracnoidite. E foi também por amor que André escreveu seu último livro, Carta a D., um elogio a um sentimento tão pouco comum em tempos de amores com prazo de validade. O casal foi encontrado dois dias depois do suicídio, em sua casa, abraçados na cama. E o calhamaço, escrito dois anos antes, entre os papéis do escritor. Apesar de trágico, o suicídio é bem positivo. No sentido de que André, aos 84 anos, simplesmente não queria começar uma nova vida sem Dorine. “Você é o essencial sem o qual todo o resto, importante apenas porque você existe, perderá o sentido e a importância”, ele escreve."

Tirei daqui: http://adm.revistatpm.com.br/conteudo.php?cat_id=156&materia_id=1637

beijos, me liga!


domingo, 7 de setembro de 2008

Coisas que não devo esquecer

Esse é o tipo de coisa pra você ler, às vezes, e pensar: "Caaaaraaa, eu sou o máximo!!!!".


"Não quero nem saber, acendo um cigarrinho pra pensar
Que meu passado foi pra nunca mais"


"Oi,

Eu estou escrevendo porque acho que algumas coisas têm que ser ditas, ou só porque eu estou tentando entendê-las e, talvez, me entender melhor também.

Sabe, pelo tempo que ficamos juntos e por tudo o que vivemos, todas as histórias tortas desde os 15 anos, eu esperava mais de nós dois, de você principalmente. Esperava que, como meu romantismo besta tentou combinar tantas vezes, quando a gente encontrasse outra pessoa, fossemos sinceros um com o outro, pra não manchar tudo o que tínhamos vivido até então e que, pelo menos na minha cabeça, não foi pouca coisa, nem tanta besteira e foi realmente intenso. Agora minha cabeça, em alguns momentos, gira a 1000 km/hora, pensando se eu não vivi tudo isso sozinha, ou só na minha cabeça. Mas eu não posso ser tão maluca assim, não sou, afinal.

Acho que ambos erramos, e muito. Mas acho que algumas coisas foram realmente injustas nesse percurso. Me corrija se eu estiver errada, mas eu sempre estive do seu lado quando você precisou, sempre fiz malabarismos no trabalho pra passar mais tempo com você, sempre te ouvi, tentei ajudar, mesmo que de uma maneira meio estabanada. Sempre perdoei, ou tentei perdoar as coisas estranhas que aconteciam. E quando eu mais precisei, quando estava frágil, ou insegura, você sempre pulou fora, nunca teve paciência o suficiente pra conseguir enfrentar o problema e para superarmos juntos. As pessoas erram, as pessoas merecem chances, e meu romantismo exagerado sempre me fez acreditar nisso.

Foi tanta coisa, tanta entrega, tantas coisas sobre mim que só você sabia. Tanta história, pra no final acontecer assim, da maneira que eu menos queria que acontecesse. Você não tem idéia do que senti, afinal, você nunca deve ter passado por isso: traições e mentiras e, sinceramente, eu não desejo que te aconteça, mesmo muito magoada.

Em todo esse tempo que ficamos juntos, eu nunca pensei em ficar com outro cara, nunca me aluguei pra outro cara e nunca dei abertura pra nenhuma cantada ou insinuação. Porque eu achava que você era o cara, a pessoa certa pra estar comigo, inteligente, que me fazia rir, que me ouvia e que me abraçava quando eu sentia frio ou medo, o encaixe perfeito de um amor que acredito que algum dia existiu.

Mas porra, por que você tinha que fazer assim? Por que não ligou e simplesmente falou que não dava mais, como da outra vez, eu ia ficar magoada, claro, porque eu te amava, achava que essas fases existiam, mas que o amor poderia superar tudo. Mais uma vez uma tola romântica.

Quando você falou que o celular tava estragado, me mandou foto do celular, com a tela de música, porque provavelmente estava sem chip, quando você falou que veio assistindo filme, e depois desconversou, eu saquei que tinha alguma coisa ali, mas precisava confirmar, porque queria, muito mesmo, estar errada. Mas não, ele estava lá, com as mensagens pra Tássia*. Por que meu Deus? Por que alguém faz isso?

Como você consegue conviver com a mentira, porque não é mais simples falar a verdade, você não vai parecer menos esperto ou inferior. Se uma coisa não lhe agrada é mais fácil falar do que sofrer com aquilo. E a desculpa de que eu sou transtornada, que iria me machucar, não cola, porque da outra vez, você terminou comigo por telefone, depois de ter me machucado, e quando você se arrependeu, lá estava eu, pronta pra perdoar e te aceitar de volta.

E mais uma vez você fez pior, dormiu comigo... Por quê? Você tem alguma explicação? E a mais estúpida ainda falou com você quando você estava mal, pra no outro dia, dizer que “precisava falar com alguém”. Por que não foi falar com a Tássia? Não era ela que você estava conhecendo, que você estava dividindo sua vida, desde não sei quanto tempo?

E se eu não tivesse descoberto o celular, você estaria comigo e com ela? Por quê? Por que as pessoas são assim? Por que elas conseguem pensar só nelas, ou não conseguem pensar? Como você consegue mentir tanto para os seus pais, eles fazem tudo por você, eles te dão tudo, eles cobram, porque querem o seu bem e o seu melhor. Como você consegue dormir com tudo isso?

Por que eu era uma neurótica? Por que cobrava? O que tem de mais? Numa relação existe cobrança, você tem que aceitar e se não aceita, por que não ter a dignidade e hombridade de por um ponto final antes que você mesmo saia mais machucado do que precisava.

Que não estava tudo perfeito, que a gente brigava é verdade, mas é comum, a gente morava longe, e assim como eu você também tinha suas inseguranças. Mas acho que em uma relação a gente tem que tentar entender e superar essas coisas. Com respeito e carinho a gente supera tudo, tenta compreender, melhorar e resolver. Eu realmente achava que a gente fosse capaz de tudo isso.

Eu também não queria que tudo terminasse assim, na verdade eu achava mesmo que não ia terminar. Mas a vida nos prega muitas peças e acho que faz parte do crescimento e amadurecimento. Hoje sei que sou uma pessoa muito mais forte e muito menos tola do que antes. Sei que em algum lugar existe alguém que vai agüentar minhas paranóias, com quem vou dividir meus sonhos, tristezas, alegrias, medos e inseguranças e vai me entender. Eu fiz tudo isso por você e você fez isso por mim?

Não estou querendo culpar, ou talvez esteja, porque a Tássia não recebeu mensagens sozinhas no celular, ela não se aproximou de você sozinha e nem deu abertura pra uma coisa assim. Você fez e você sabe disso muito melhor do que eu, ou talvez você simplesmente não sabia o que queria.

Estou escrevendo pra virar uma página, pra seguir a minha vida, porque acho que como uma pessoa importante na minha vida, você deveria saber de algumas coisas que estão passando pela minha cabeça. Também porque estou sentindo falta das conversas, não é fácil quando te tiram uma coisa tão importante assim, de uma maneira tão radical. Você já perdeu alguma vez? Acho que enquanto há sentimento e mágoa o melhor é manter distância, até esquecer, porque querendo ou não o tempo sempre ajuda, a vida muda, a gente conhece novas pessoas, novos lugares e um dia eu vou aceitar que nossos dias valeram a pena, valeram alguma coisa, mesmo apesar de tudo. Pra mim, afinal, valeram! Como posso responder só por mim, posso dizer que amei intensamente, cada minuto, cada centímetro, cada palavra, cada gesto e cada fio de cabelo, eu agüentaria perder tudo por você. Mas não posso responder por você.

Quero agradecer por tudo, pelo carinho, compreensão, paciência, ligações, força, viagens, loucuras, por tudo, mesmo. Acho que um dia vamos nos encontrar e dar risada de toda essa situação... ou talvez a gente seja uma daquelas pessoas que nunca mais vai se encontrar, que nunca mais vai se ver e a vida vai continuar. Me desculpe pelas palavras agressivas, pelas ameaças e agressões, no momento da raiva e incompreensão acho que isso é, no mínimo, normal.

Eu desejo e tenho certeza que você vai ser uma pessoa muito feliz, de muito sucesso e vai encontrar alguém, se já não encontrou, que vai dividir tudo isso, de quem você não vai esconder nada e pra quem você não vai mentir, vai poder ser você mesmo, sem máscaras.

Você pode achar tudo isso ridículo ou infantil, e pode não fazer nenhum sentido pra você, se você leu até aqui. Mas eu me sinto muito aliviada e feliz, porque sei que amei de verdade e aprendi muito. Talvez eu nunca mais volte a ser a mesma Aline ingênua, insegura e infantil mas, afinal, isso é bom.

Mais uma vez obrigada por tudo.

Não te desejo nada de mal e nunca desejei realmente.

Aline"

*Nome modificado para preservar a identidade da "vítima".

Mairon: "eu acho que pularia de uma ponte depois de ler isso.
nossa, eu me sentiria derrotadissimo, humilhadissimo"

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Instrumentos

"Eu toco minha guitarra
quando você não me toca"

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Do sétimo andar

Deus sabe o que quis foi te proteger
do perigo maior que é você
E eu sei que parece o que não se diz
o seu caso é o tempo passar
Quem fala é o doutor

Parece que foi ontem, eu fiz
aquele chá de habu
pra te curar da tosse do chulé,
pra te botar de pé

E foi dificil ter que te levar
àquele lugar.
Como é que hoje se diz?
Você quis ficar*

*licença para modificação da letra

é!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"A embriaguez é um direito humano fundamental"

A boca trêmula, as mãos nervosas escondidas nos bolsos da calça. A cara abatida, um pouco inchada, o olhar perdido. Eu tentava descobrir o que você poderia estar pensando, mas chegava sempre a mesma conclusão: nenhum pensamento passava por sua cabeça, você não estava mais ali.
- O que você vai fazer quando sair daqui?
- Não sei...
Os momentos de silêncio nos quais você observava alguma coisa muito interessante na parede, que só você podia ver, eram constantes.
- Vou beber, pinga com limão... e uma cerveja.
- De novo?
- É! Mentiram pra mim, disseram que eu ia ficar aqui só cinco dias, eu vou ficar pelo menos vinte e um.
- E pra se vingar você vai beber de novo? A sua vingança é fazer mal pra você mesmo? Muito inteligente.
O silêncio, de novo. Agora você observava uma família, que ria abraçada ao menino mirrado, ele estava ali pelo mesmo motivo que você. Nesse momento você, provavelmente, voltou à lucidez, deve ter pensado que já perdeu a confiança e a esperança de quem te ama, afinal, ninguém estava ali, além de mim. Alguém um pouco distante pra parecer se importar de verdade. Mas eu estava ali, e eu ainda acredito em você.
- Você deve ter um objetivo na vida, um sonho. Se você não tiver por você, tenha por seu filho, ele ainda vai precisar muito do seu apoio.
- Eu não me importo. Eu não me importo se morrer. Ela cuida dele.
- Você não sabe o que está falando.
- Aquele ali disse que tá aqui por bebida e maconha. Eu acho que é pedra. Mas sabe como é, rico só vem pra cá por depressão.
- E se você saísse daqui e fosse pra outro lugar, um pouco melhor que esse, pra ficar mais tempo.
- Perder meu tempo...
- Mais tempo do que você já perdeu?
Seu olhar fitou o chão, seus pés calçavam um chinelo de dedo surrado. Não parecia mais o mesmo de alguns anos atrás, não tinha porque parecer. O tempo e a maneira como você tinha ocupado o seu, tinham realmente te deixado diferente. Você não parecia feliz há muito tempo. Não era mais compreendido.
- Sabe, eu te entendo. O mundo parece girar mais rápido, tudo nos desvia de buscar ideiais pelos quais lutar. Nada tem sentido. É comum demais alguém tentar fugir da realidade assim. Eu te entendo.
Duas horas se passaram assim, entre diálogos e monólogos, durante os quais você preferia fitar o chão. Mas eu sabia que você ouvia bem.
- Bom, acho que vou embora.
Eu não te abraçava há tanto tempo.
- Pensa no que eu te falei. Pensa bem. Eu gosto muito de você.
O abraço, inicialmente tímido, ficou apertado.

sábado, 23 de agosto de 2008

Repetitiva

Home, home again
I like to be here when I can
When I come home cold and tired,
It's good to warm my bones beside the fire
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Companhia

Achei companhia pra minha viagem pela América Latina.
É inesperada, não posso revelar porque teremos que fugir do país.
Mas vai ser ótimo, com certeza. A viagem vai ser uma daquelas caminhadas interiores, que fazem as pessoas se conhecerem melhor, compreenderem o outro e, principalmente, perdoarem algumas coisas mal resolvidas.

Não adianta, você só vai saber ano que vem, quando eu fizer o primeiro post da viagem, com uma foto da partida.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Preguiça²

Não consegui me livrar da preguiça das pessoas, com um adicional de preguiça própria. Mas na sexta um acontecimento me fez acreditar em algumas pessoas, ter esperança e me cobrar um pouquinho pra não ser tão preguiçosa.
Na balada, arrasando, amigos, balde de heineken, banda boa, bar legal, caras bonitos, amigos loucos, heineken, olhares, abraços efusivos, bêbados emotivos que mais pareciam ursinhos carinhosos... No meio de tudo isso minha amiga achou um carinha legal, que conhecia de vista, olhou, encarou, até que em uma das nossas voltas em círculo pelo bar minúsculo, eu olho para trás e.... ela sumiu. Depois de um tempo, avistei-a beijando o cara. Cinco minutos e ela chega indignada: ele era casado. Alguém passou, ele se escondeu, ela perguntou e ele falou, rindo. Ela virou as costas e saiu, com estilo.
Cinco minutos e ele passa, puxa-a pelo braço pra um canto e vai conversar, pedir desculpas, disse que não resistiu, etc, etc, etc. Aquele mesmo discurso batido, que todo homem acha que toda mulher vai engolir e, quem sabe até, se ela é tão irresistível, continuar com ele.
Ela não é mais uma, não caiu, mandou à merda, com um discurso lindo. Não vou conseguir reproduzir as palavras exatas, mas no meio tinha: "Blá, blá, blá, você está me fazendo afetar a vida dela, sem eu querer. Blá, blá, blá, você não tenho esse direito. Blá, blá, blá, olha só o que você tá fazendo", entre desculpas envergonhadas, "Cuida da tua guria".
Isso não é lindo?!! Se não pode ser apreciado esteticamente é, pelo menos, raro. E de tão raro pode ser sim, apreciado como uma bela obra de arte.
Este ato, que muitos vão definir como comum e talvez até idiota, só mostra que ela se valoriza, que ela não se rebaixou ao nível dele, que ela não compactuou com a traição. Tudo bem, ele quis, ele fez, mas se existissem mais mulheres como minha amiga (com muito orgulho) não haveria tanto homem que desrespeita suas namoradas, noivas ou esposas. Eles tentam, porque sabem que no meio de toda a massa de mulheres existem várias que não se importam, não se valorizam e não exigem exclusividade. Pois pra mim, todas se enganam. São oportunistas de plantão, esperando a desgraça alheia para saciar a fome de amor, mesmo que este seja metade, frio e mentiroso. Eu morro de preguiça dessas mulheres, elas sempre juram que são as vítimas, pobre coitadas, pobres vadias. Porque elas se enganam. Porque elas estão num nível baixo e são pisoteadas assim que eles resolvem subir o nível. Elas existem, aos milhares, desconhecidas, conhecidas, amigas, inimigas, interferindo em vidas e relações achando que nada tem preço. Se enganando e me dando preguiça. Falta-lhes o que? Amor próprio? Capacidade intelectual? Não, não me digam que pode ser apenas falta de afeto...
Eu amo minha amiga, ela me orgulha MUITO, ela me despertou. Desde sexta eu não bocejo em conversas. Talvez ALGUMAS (eu disse algumas) pessoas mereçam um pouco do meu tempo e da minha disposição.

domingo, 17 de agosto de 2008

Preguiça

Estou com preguiça das pessoas. Uma preguiça enorme de ouvi-las se enganando e tentando me enganar também. Todo mundo parece estar numa partida constante, de um jogo no qual o adversário somos nós mesmos. Cheque-mate! Acabei com o meu jogo, não ganhei nem perdi, mas me disseram que tinha que ser assim.
Agora sou uma observadora atenta dos sintomas. Já percebi que as pessoas adoram me usar como um pré-teste. Vou explicar: elas estão se enganando, sabem o que sentem, o que querem e o que pensam de verdade, mas me falam exatamente aquilo que gostariam de estar sentindo, querendo ou pensando. Se eu acredito, elas seguem em frente, na maioria das vezes. Se eu não acredito, elas também seguem em frente, afinal, quem sou eu pra entrar em um jogo que não é meu? Eu finjo, faço cara de lâmpada e dou aquele sorrisinho amarelo. Não posso ganhar a partida por ninguém... posso provocar, nada mais que isso.
É tão simples e libertador jogar limpo. Não interessa se estou sendo infantil, ignorante, idiota, burra... sou eu e ninguém pode mudar isso.
Eu perdi uma partida, mas joguei limpo. Estava triste, na verdade com ciúmes de um menino que eu ficava. Há poucos dias ele me amava e ia me esperar pra sempre. Era bom conversar com ele, eu abria o jogo e ele entendia, só me falava que era besteira demais sofrer. Eu não sofria, só tentava me proteger. Não queria. Mas ele sempre estava ali, pronto pra conversar. Pra ligar de madrugada quando eu não saia com ele, e dizer que, como eu não tinha ido, ele tava bêbado e precisava dizer que me amava. Até que ele desistiu de mim. Agora, não tenho mais quem me bajule, quem me ligue, quem diga que me ama. É triste, dói... mas até que ponto é ego ferido e até que ponto realmente quero estar com ele?? O medo se explica por poder escutar um "agora quem não quer sou eu" ou um "eu quero" e ver que não era aquilo que EU queria. Difícil decidir, né?
"Antigamente", eu mentiria pra mim e diria que queria de novo, só de teimosia, só pra não perder. Inventaria que ele está com outra pra passar tempo. Mas pra que me enganar? É justo. E quem sou eu pra deixar meu ego destruir alguma coisa legal. Hum? É isso e ponto final.

" E eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz."

Música de hoje "O vencedor", Los Hermanos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Tudo o que preciso

Eu ia começar um texto no plural, mas a questão é bem singular.
Analisando bem, o que preciso mesmo, é de um cara que tenha um papo bacana, (censurado), que faça cafuné, ligue de madrugada sem eu pedir , só pra dizer que não vive sem mim e que curta rock'n'roll....

Eu ando carrancuda, amanhã serei a garota mais simpática da cidade.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Lembretes

1. Não engravidar nos próximos 30 dias;
2. Não doar sangue nos próximos 30 dias.
É que eu tomei vacina contra rubéola e sarampo e diz aqui que não pode. Vai que eu esqueço...

Esse tempo maluco e frio acabou com meu sistema respiratório, mas eu até gosto da minha voz rouca. Fica sexy!

;*

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A extinção das borboletas

É muito reconfortante pensar que tudo está fadado ao fracasso. Mas é um conformismo que dói, que incomoda, como se implorasse para que não fosse verdade. Não fosse a persistência e a passividade a que tudo está submetido, nada nunca mudaria e as histórias seriam sempre as mesmas. Felizmente, não são. Mas o medo da repetição aprisiona. Ah! Como eu tenho medo de recair naquela mesmisse que é o amor. O medo daquela certeza ridícula e absoluta do fracasso.
Há muito tempo, aliás, não sinto as borboletas no meu estômago - sintoma típico de algo que num futuro indefinido me levará às náuseas e ao vomito e só eu mesmo posso imaginar o tamanho da minha aversão ao ato de vomitar. Meu estômago já optou pela autofagia. E é como se eu conseguisse sentir o gosto amargo ao digerir minha própria carne. Enquanto isso, eu seguro o vomito e engulo o choro.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Férias

O doce mais gostoso do mundo, com creme de coco e morangos, não tinha gosto. O tempo passava como se meu corpo não sentisse, como se meu cérebro estivese amortecido demais para se dar conta do que passava ao meu redor. Foram uns quatro dias. Nestes, a impressão que tive, foi a de que não vivi. Foi tempo perdido, desperdiçado, para algo maior que me puxava pra dentro de um poço fundo, que parecia sem volta. O único momento de resgate para a realidade foi quando eu estava bêbada, mas eu estava muito bêbada pra saber distinguir a fantasia do real. Eu podia dormir horas, eu podia olhar horas para um ponto fixo sem nenhum sentido e sem, realmente, pensar em alguma coisa. Eu, simplesmente, não conseguia pensar. Se eu pudesse raciocinar, ao menos um pouco, iria jurar que tinha sido lobotomia e ia ter medo que não tivesse volta. Mas acho que eu simplesmente tirei férias de mim. Era imprescindível, então, que eu não descobrisse. Para isso cortaram todas as ligações dos sentidos com meu cérebro: eu não sentia gosto, cheiro, não via ou ouvia, é certo que falei algumas frases soltas e sem sentido por aí, mas nem lembro muito bem. É bem certo que não vivi esses dias. É certo também que falhei, as lembranças me denunciaram à pequena parte que ficou de plantão. E ontem, quando eu menos precisava voltar à mim, antes de dormir, eu voltei. Não foi como uma pancada na cabeça ou como receber uma entidade. Quando encostei a cabeça no travesseiro, eu apenas senti, tudo de novo, the same old way... dormi feliz, por estar de volta.

domingo, 27 de julho de 2008

Shorter of breath and one day closer to death

Tinha pensado em vários textos pra colocar aqui, rendiam uma série, tinha até um parecido com o último, que não deu muito ibope. Agora, que tive um tempinho pra gastar aqui, deu branco. Vamos tentar alguma coisa, já que isso é terapia pra mim.

Já falei no meu drama futura recém-formada?? Depois de sete anos estudando não é difícil parar assim... devia ter acompanhamento psicológico em casos como o meu. Apesar de estar de saco cheio de ir até a faculdade e de algumas precariedades do meu curso, eu sei que vou sentir falta. O que pesa mais mesmo, é que, depois que me formar, não terei mais desculpas, terei que lutar por uma vaga na minha área (seja RP ou jornalismo). E isso dá medo, porque é tão difícil. Também acabou minha desculpa pra não fazer inglês, espanhol, francês e russo, nem pra não fazer nenhum exercício físico, nem pra ter só um emprego se o outro for de meio período, nem pra decidir o que eu quero da minha vida de verdade. Gente, o que eu quero da minha vida, de verdadade??????

Acho que eu deixei pra pensar tarde demais sobre o que eu vou fazer com verdadeira empolgação, todos os dias do resto da minha vida. Não quero deixar a vida passar sendo empurrada pela barriga, aceitando uma situação como se não tivesse oportunidade de mudá-la. Principalmente, porque eu sei que é isso que estou fazendo agora. Viver na ignorância é maravilhoso... saber que a gente não está fazendo nada pra mudar é muito pior do que se não tivéssemos nenhuma consciência sobre isso.

Tenho a impressão que fico colocando obstáculos na minha frente, eu to me sacaneando. Digo que quando terminar alguma coisa, farei outra. Mas quando termino, coloco outra prioridade, que nem é tão prioritária assim e depois outra, e outra, e outra... até perder o rumo e fingir que esqueci da meta.

O mais desesperador de tudo, é que eu acho que todo mundo sente isso... e ninguém consegue explicar porque fica deixando pra viver depois. Como a gente se engana, como a gente gosta de ser enganado...

Música de hoje: "Time", do Pink Floyd!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Life is a waterfall

Cá estou eu, com meu chá e meu farto pedaço de bolo, lendo algumas coisas interessantes na internet. O que não é raro, mas admito que ultimamente meu tempo na frente do computador tem sido desperdiçado com informações completamente inúteis, pra não dizer que nem chegam a ser informações.

Preciso abrir um parênteses: (Minha cabeça voltou fervilhante da orientação do meu TCC. Eu achei a justificativa perfeita pro nosso produto ser impresso e não virtual. Na internet as pessoas são mais dispersas do que costumam ser normalmente – pra não dizer na vida real. Muita informação, muita coisa inútil, muita gente preocupada demais com as pessoas e de menos com os ideais.

No papel a gente se concentra mais, nenhum pop-up, mensagem no MSN e outros aplicativos piscando, gritando ou tremendo a tela para chamar a atenção. A linguagem é diferente, o conteúdo pode ser mais aprofundado, você pode levar pra outros lugares e ler tranquilamente, inclusive no banheiro, mesmo que seu computador não seja portátil ou sua internet wireless não alcance o cômodo) Fecha parênteses.

Eu comentava que estava lendo algumas coisas interessantes e úteis, pois bem, achei esse texto:

Vendendo a Amazônia

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u413846.shtml

Que foi seguido por este:

Rifando a Amazônia

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u416068.shtml

Se você não os leu dificilmente vai entender os comentários abaixo. E eu espero, de coração, que os freqüentadores desse humilde blog (aqueles que eu não sei que me visitam) percam alguns minutos do seu precioso tempo.

Leu? Pois é. A maioria dos leitores é burra. O cara escreveu um texto ótimo, contextualizado, utilizando para o entendimento do leitor vários exemplos. Contudo, a maioria não entendeu que, ao contrário da venda da Amazônia, ele estava falando sobre o estado de cegueira na qual algumas armadilhas psíquicas nos colocam, como o sentimento exacerbado de nacionalismo. Nesse contexto também se encaixam diversas modalidades do fanatismo, inclusive o religioso. Acredito que fui bem clara quando acrescentei a palavra cegueira e não preciso explicar qual a conseqüência desses sentimentos em um ser humano.

As pessoas leram, não entenderam e ainda foram comentar, com xingamentos, o que pra mim só concretiza a falta de capacidade intelectual.

Sou obrigada a cair num discurso batido, mas que jamais foi colocado em prática, pelo menos no nosso Brasil varonil. Precisamos melhorar a educação, precisamos ler mais, precisamos pensar as coisas de maneira crítica, precisamos ampliar a nossa visão sobre as coisas e não enxergar apenas o nosso umbigo.

É por essas e por outras que tenho certeza que só serei uma boa jornalista, sem ser uma profissional medíocre, daqui muito tempo. Porque eu preciso de muita bagagem, experiência e uma imensa auto-crítica. Não quero sair escrevendo textos de pseudo-opinião, que falam (e falam mal) a mesma coisa, sobre tudo o que todo mundo já sabe, achando que estou revolucionando o mundo com uma visão ímpar e singular que não dá um passo além da subjetividade massificada, à qual a maioria da população está condicionada.

Fiquei com algumas coisas que renderiam discussões interessantes:

A Amazônia precisa ser minha pra que eu ajude a preservá-la?

As mesmas pessoas que destilam palavrões e textos sem fundamento fazem alguma coisa pra mudar alguma coisa – ou pelo menos o que criticam?

Agora escutem “Aerials” do System of a Down.

“Aerials
In the sky
When you lose small mind
you free your life
Aerials
So up high
When you free your life
eternal prize”

Aliás, escutem todas as músicas do SOAD.


Prometo que meu próximo texto falará só sobre mim e minhas dúvidas, sentimentos, angústias, alegrias, certezas e insanidades.

sábado, 21 de junho de 2008

O sol, eu e Mersault

Nos dias de mais frio, quando o sol insiste em brilhar forte, tem uma coisa que eu adoro fazer e que, infelizmente, não posso fazer em todos esses dias. Na minha casa em Guarapuava tem um quintal gigante. Minha mãe tem mania de colocar os colchões no sol - diz ela que o motivo é a umidade, eu adoro porque à noite o colchão ainda está quentinho. Ela encosta os colchões na parede dos fundos, perto da porta da cozinha. Depois do almoço eu adoro sentar no colchão e ficar tomando sol. É nesta hora que o sol está mais quente e um pouco inclinado, no ângulo perfeito pra uma seção de lagarteamento.
Sempre tem alguém pra conversar, minha vó, minha mãe, meu pai, a giuli, o zé, os gatos, as galinhas... não que eu converse com gatos (só com o Nacho) e com galinhas, mas eles não podem ser simplesmente descartados como companhia.
O sol demora a esquentar, mas quando esquenta, parece que a pele toda está borbulhando... é mais ou menos aí que todos resolvem me abandonar e eu fico ali sem forças pra levantar. Os únicos pensamentos que consigo ter são:
- O sol é bom, o calor é bom!!!
Mas aí o sol me cega, eu não enxergo mais nada, perco momentaneamente o controle sobre mim, sei que tenho que sair dali mas não consigo levantar. É nessas horas que eu entendo o Mersault*... o fato de o sol ter o cegado e ele não conseguir explicar porque matou. Não, nesses momentos eu não estou mais propícia a cometer um homicídio, eu simplesmente estou mais propícia ao descontrole... o sol não cega só os olhos, mas cega a mente, deturpa a visão e a razão. A estes ingredientes você junta outros fatores, como acontecimentos recentes, passados lingínqüos, ideologias, filosofias (absurdas). Misturando tudo e deixando no sol você chega a um assassinato sem explicação ou a um corpo cambaleante que, inerte, se joga em um colchão, na sombra.

As bolinhas vermelhas , como meteoritos em chamas, permanecem por um tempo tempo na minha visão.

*Personagem principal de "O Estrangeiro" de Albert Camus.

sábado, 7 de junho de 2008

O que me preocupa hoje é a minha falta de preocupação. Minha maneira de levar as coisas, do jeito que der pra levar, sem muito esforço pra fazer melhor ou impressionar. Tudo bem, que agora eu abro a boca e bato o pé quando acho que tá errado, mas nem sempre é assim e nem sempre foi assim. O modo como estou cagando pro meu tcc me deixa nervosa, mas eu não fico nervosa e faço meu tcc, eu simplesmente ignoro ele.
Uma coisa tão grande e sem explicação. É um vazio que, de tão vazio, tá apertado, não cabe mais dentro de mim. O vazio é mais apertado que o cheio. O cheio se acomoda e não deixa espaço pro aperto. Mas será que o cheio preenche tão bem assim?
Eu só faço brigar comigo... e o vazio só parece aumentar. O aperto esmaga cada vez mais. Como se o vazio e o aperto, juntos, tirassem tudo o que resta de mim. E esse tudo já é tão pouco e sem sentido e, mesmo assim, eu não consigo me preocupar. Fim!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

hein?

Gente, o que foi esse último post, hein?
Enfim... não devia estar em dias bons heheehhee

Dias atrás já tinha um post sobre descobertas, conclusões e resoluções. Acho que estou em uma fase de amadurecimento, despertar e de todas essas coisas bonitas e poéticas que todo mundo costuma dizer.

Tá bom, mas às vezes assusta. Esses dias, em uma discussão DAQUELAS com meu pai, não me alterei, falei tudo que pensava e ainda mandei um melodrama no final. A sensação, depois, foi ótima! Não fiquei com nada engasgado, pensando no que poderia ter dito e não disse. Simplesmente falei tudo que pensava e argumentei como uma pessoa racional.
Minha psicóloga vai ficar orgulhosa de mim.
Em alguns momentos até me senti muito fria, maquiavélica, porque eu via a situação mas parecia tão acima dela, tudo estava sob o meu controle. E acho que isso acontece quando a gente começa a se conhecer e a mudar o que precisa ser melhorado. Nada de bloqueios!

Quanto às resoluções, entendi que comigo elas não funcionam tão bem. Não fiz nada do que prometi, só uma página do TCC e umas leituras extras. To deixando pra pressão da última hora me levar. É mais emocionante, ainda mais agora que estou aprendendo a lidar melhor com essas situações.

Tá legal, assim!

domingo, 18 de maio de 2008

Ele é um grande filho da puta

Para não admitir minha incapacidade eu vou culpar alguém por todos os meus problemas. O da vez é Deus! Só pode ser ele. Estou começando a pensar que as coisas só dão certo quando ele esquece de mim... aí tudo anda bem, meus planos se concretizam, me olho no espelho e até me acho bonitinha e mais um monte de coisas úteis e fúteis que não preciso falar aqui. Então, quando ele me enxerga... fudeu! O mundo explode. TUDO, exatamente tudo começa a dar errado. Cheguei à conclusão de que ele gosta de me testar.
Acho que ele vê, lá do seu reino perfeito, que consigo superar um problema com facilidade e daí ele vem com outro pior ainda. Ei! Eu fingi! Te enganei, palhaço... não foi nada fácil pra mim, você que sabe de tudo deveria perceber. Ou será que eu finjo daqui e você finge daí, que nada vê? Descobri teu defeito, você também não vê o que não quer.

Acredito mesmo que quando vai jogar um raio na minha cabeça ele dá uma risadinha e pensa: "Chupa essa manga, Aline... e lambe o caroço". Deus é um grande filho da puta!
Às vezes, eu me pego pensando que a culpa é toda minha. Eu é que não sei enfrentar os problemas, eu é que não sei buscar soluções e que, na verdade, não poderia reclamar. Mas, oh grande onipresente, a maioria dos meus problemas não foram causados por mim. Sei que algumas coisas a gente não escolhe e têm que enfrentar, mas e onde fica o merecimento, que foi que eu fiz meu Deus?
Também tem um ditado besta, que diz que Deus não nos dá uma carga maior do que a que podemos carregar. Acho que na hora de pesar a minha, a balança estragou, só pode.
E assim eu sigo meu caminho, sempre capenga, com aquele vazio enorme dentro do peito que tenho medo de nunca conseguir preencher. Com aquele mesmo peso nas costas que até aguento, mas me deixa corcunda e me faz duvidar de mim... será que eu consigo? Até quando seu filho da puta... até quando?

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A não-estática

Esse deve ser o último texto até o final de junho, quando entrego a primeira parte do meu TCC de jornalismo. Pra quem não sabe ainda e, para quem possa interessar, estou fazendo um projeto para um suplemente sobre meio ambiente, para jornal impresso. Tenho muita coisa pra ler, pra pesquisar e pra aprender, mas gosto do assunto e isso já ajuda bastante.

Escrevi quatro textos na minha cabeça e não lembro de nenhum... um era sobre as mudanças na vida, ocasionadas pelo crescimento pessoal e profissional, mudança de cidade, de estilo, de cabeça e que acabam fazendo a gente mudar de amigos. Não que os amigos antigos percam a importância, ou o papel que tiveram em nossa vida simplesmente seja rasgado e esquecido. Pelo contrário, eles ficam guardadinhos nas lembranças e fazem a gente rir quando pensamos naquelas besteiras, loucuras, sacanagens e brigas que vivemos juntos. O ponto principal aqui é aceitar. Aceitar que nada é estático, que o movimento é bom e que mudanças são necessárias.
Tive ótimos amigos que, por muito tempo, foram meus alicerces. Até alguns dias, apenas eu ligava, me preocupava, perguntava... uma relação unilateral, típica de pessoas que, como eu, se preocupam mais com os outros do que com a sua própria vidinha infame.

Então eu parei, pensei, soltei as amarras e andei sozinha, ouvindo uma música calma. Um basta às relações não-mútuas. Como as rupturas são difíceis, e boas, e não devem ser prorrogadas.

Há três dias não fumo. A decisão foi tomada antes de dormir, com influência de um diálogo que me contaram: uma amiga estava passando mal porque tinha comido demais (isso pra mim não é nada difícil), e alguém perguntou: - Por que fazer tanto mal pro seu corpo?
É uma pergunta simples, mas por quê? Uma maneira de compensar insatisfações de maneira masoquista?

Outro motivo é minha futura grande caminhada nas férias, que vai exigir muito fôlego e não estou afim de carregar um tubo de oxigênio.

Decisão número dois: assim que terminar a primeira parte do TCC vou começar a academia e pilates.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Aposto...

...uma viagem para Machu Picchu nas minhas férias, se eu perder ou ganhar!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Eu desisto!

A vontade é ligar pra minha mãe e dizer:
- Mãe, cansei, não dá mais, D-E-S-I-S-T-O. Pode pensar o que quiser, mas eu não aguento, sou fraca, perdedora, mas tudo que eu quero agora é minha cama quentinha em Guarapuava, podendo acordar 10h, levando uma vidinha medíocre e acomodada.
Não é isso que todo mundo quer da vida? Eu também posso querer.
Acordar cedo, trabalhar o dia inteiro, uma hora pro almoço, assistir jornais, ler jornais, pautar nos momentos "mais tranquilos", matar trabalho pra fazer reportagens, me matar pra ler livros e não conseguir me concentrar em uma página já escrita, quando eu ainda preciso escrever, no mínimo, umas seis.

Mas nãããão! Nasci com essa maldita persistência incrustada nas costas, ela pesa tanto que me deixa até corcunda. Que vontade de ser mais idiota, mais egoísta e mais decidida. Desejo absurdo de conseguir deixar as coisas pela metade, ser inconseqüente e negligente.

O texto era pra semana passada, e (porque eu adoro ser redundante) já passou! Por isso ele está inacabado e sem sentido, como meu ataque neurótico por pseudo-sobrecarga.
Não liguei pra minha mãe pedindo colo e não desisti de nada. Fui grossa com algumas pessoas, pra descontar minha raiva, mas sei que preciso atenuar esse meu defeito idiota. Por outro lado até me sinto bem, por saber que, apesar de achar todo mundo idiota, eu não sou superior a ninguém e consigo superar a idiotice do resto do mundo.

Estou aprendendo a não me cobrar tanto e, por enquanto, não tenho nem uma página escrita do meu TCC, mas tenho alguns vídeos engraçados do final de semana. É assim que tem que ser.

Como a Giu tava de olho no meu texto, enquanto eu escrevia (¬¬), sugeriu uma música do Metallica que se encaixa bem com as sensações daquele momento.

Então: "You only live once so take hold of the chance Don't end up like others the same song and dance".

Vídeo - Motorbreath, Metallica:
http://www.youtube.com/watch?v=srwee1Ai5YA&feature=related

sexta-feira, 18 de abril de 2008

"Your girl is lovely Hubble"

O assunto hoje é Hubble. Tudo porque eu sou fã de Sex and the city e em um episódio muito divertido (que você pode ver logo abaixo - é preciso ver o vídeo para entender o texto), o filme The way we were é comparado à situação da Ca-ca-ca-carrie. Hubble é também Mr. Big, que por sua vez, sem querer generalizar, mas já generalizando, representa bem o universo masculino.
Hubble não consegue ficar com Ka-ka-ka-katie porque ela é muito complicada - como não vi o filme, a única coisa que posso dizer é essa. Hubble termina com uma simples garota. E, assim como Mr. Big e o resto dos homens, tudo o que eles querem, não passa de uma simples garota. Ter alguém que pense, lute por algo e tenha vontade própria, não é lá muito interessante para os seres humanos com volume entre as pernas. Como as simples meninas, que aceitam tudo de boca fechada - ou para não perder, ou porque realmente não têm o que falar - sempre vão existir, é por elas que eles vão optar, é com elas que eles vão casar e ter filhos e elas serão as mulheres traídas, acomodadas e possivelmente infelizes.

Funciona sempre assim, a menina é difícil, tem sua vida tranquila e independente, até surgir um cara que goste de desafios para tentar domá-la. Se ela é domada, se torna uma simples garota e perde a graça. Se ela não é domada, ele prefere uma situação mais cômoda com uma simples garota. De qualquer maneira, a menina indomável, com cabelos rebeldes e vontade própria, sempre vai ficar sozinha.

Sabe o que eu penso? O mundo evoluiu, as mulheres evoluíram, conquistaram seu espaço, mas os homens teimam em não aceitar isso. Apesar das guerras com espadas estarem fora de moda há séculos, eles insistem que seus pintos são suas armas e continuam uma batalha infindável, tentando acertar a nossa bunda - pensando que vão atingir o cérebro.

E antes que venham as críticas: Sim, eu já fui uma garota indomável, que se transformou em uma simples garota por puro comodismo, só os cabelos é que continuaram rebeldes. Agora estou de volta ao estado selvagem (e alguns dizem que é o que há de melhor em mim) , sem disponibilidade para ser domesticada.

Sex and the city:
http://www.youtube.com/watch?v=FyuCwCN78lA

The way we were:
http://www.youtube.com/watch?v=v7ohTZm6RaA&feature=related

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O disfarce (quase) perfeito

Eu sou o disfarce quase perfeito. E já fui muito bem usada, pelos outros, por esta minha habilidade (vamos chamar assim, porque não achei palavra melhor). Você quer uma amiga legal, responsável, que sua mãe vai gostar, que seu pai vai dizer que é um exemplo, que vai dar aquele conselho que você quer ouvir? Sou eu!
Você quer uma namorada perfeita? Aquela que seus pais vão adorar, bem educadinha, limpinha, esforçada e quietinha? Essa sou eu!
Você quer uma filha perfeita, que vai te respeitar, ser independente, lutar pelo que quer, te honrar? It's me!
Você quer a funcionária perfeita, que vai executar as tarefas perfeitamente, fazer além do que você pede, sem reclamar e ainda gostar daquilo que faz? Aquiii!!!!!!!
A aluna perfeita? Que vai ouvir, ler, responder, questionar e até concordar com aquelas suas teorias malucas? Presente!
Ah! O que você quer é aquela menina legal pra fazer sexo de vez em quando, sem te cobrar nada e ainda fazer umas loucuras na cama, ou qualquer outro lugar? Eu sou ela, baby!

Se não fosse o quase, eu seria o disfarce perfeito para que você pudesse mostrar a todos que tem aquilo que sempre quis: a amiga legal, a namorada perfeita, a filha que você pediu a Deus, a funcionária ideal, a aluna mais dedicada e a amante mais quente. Mas aquela palavrinha maldita existe e por trás dela se esconde uma pessoa cheia de defeitos e, pasmem, vontade própria, que, apesar de tentar ser a pessoa perfeita pra você, também busca a perfeição pra ela. E quando ela tenta ser perfeita só pra ela, surta. Porque sendo a perfeição pra você, ela é imperfeição pra ela e, mesmo demonstrando estar feliz com tudo isso, ela nunca está satisfeita. Ela sempre quer mais e isso você - como amiga(o), namorado, pai, mãe, chefe, professor ou amante - não consegue ser. É uma coisa que só ela sente, só ela sabe, só ela consegue fazer.
E aí, quando ela é realmente perfeita, desnuda dos disfarces que usava pra te satisfazer, ela deixa de ser o disfarce perfeito pra você. Quando ela segue seu caminho, como e por onde quer, já não é mais a máscara perfeita para a sua fantasia, já não é mais a estátua no alto do seu pedestal e, quem cai, é você.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Eu sou tão grande que preciso me encolher pra caber no mundo

Descobri que meus textos são clichês, que não têm aquela leveza que leva a gente adiante, nem aquela coisa interessante e instigante que deixa o leitor curioso pelo que está por vir. Que pintar o teto é cansativo e que preciso urgentemente de uma atividade física. Aprendi que não podemos carregar o mundo nas costas, nem assumir responsabilidades que não temos certeza que conseguiremos cumprir. Aprendi que sou mais forte do que imaginava e que pode ser libertador apertar literalmente um botão de excluir.
Descobri que o nosso primeiro trauma é quando nos damos conta de que nossos pais não são perfeitos, que isso aconteceu há muito tempo atrás e eu só demorei muito tempo pra admitir. Outra coisa interessante é que a gente sempre busca um homem com as mesmas características dos nossos pais e isso é inconsciente - desculpa pai, você é um cara foda, meu lado racional, quem me diz as coisas mais certas nos momentos mais certos, mas tem seus belos defeitos e eu, definitivamente, não quero que o pai dos meus filhos adotivos seja como você. Eu realmente aprendi a difenrença entre alguém que conta pequenas mentiras e alguém que simplesmente não consegue falar a verdade.
Os últimos dias foram de muitas descobertas, desmitificações e desatrofiações. Estava tudo ali, na minha frente, tão claro e transparente e exatamente por isso eu fingia que não via porque é mais bonito dançar ao som de qualquer música, só porque ela está tocando, do que escrachar o mundo gritando insanidades e dizendo o que você realmente pensa de tudo.
Outra descoberta! Eu geralmente não falo o que penso (não falava)... e penso muito, de maneiras diferentes, sobre muitas coisas, mas até alguns dias atrás achava que era mais blasé guardar tudo pra mim, porque o fato de se passar por idiota, em frente à verdadeiros idiotas, pode ser algo realmente divertido. Mas, às vezes, tudo isso perde a graça e você percebe que de tanto se fazer de idiota estava quase virando uma, com risos incontidos em frases nem um pouco engraçadas, quando o pensamento já estava avançando para outros lugares e mundos e pessoas, muito mais divertidos, que conseguem realmente ser o que são, sem esconder o que pensam.
Eu cresci da maneira mais forçada possível, mais do que achava que poderia crescer um dia, mas ainda continuo com aquele velho problema de deitar na cama e perceber que não caibo no mundo, porque apesar de tantos lugares, tantas pessoas e risos e copos de cerveja, eu sou grande demais e poucas pessoas conseguem me abraçar por inteiro e me possuir completamente.

segunda-feira, 10 de março de 2008

A embriaguez é expansão da consciência que descortina os véus que ocultam a realidade

"A embriaguez é um direito humano fundamental", disse o filósofo Javier Esteban para o La Vanguardia.

Meu último texto falou sobre ressaca e agora coloco o link para a entrevista completa de Esteban, porque gostei da maneira como ele pensa e isso não significa que sou uma alcóolatra ou qualquer outra coisa do gênero. Só acho que a sociedade está hipócrita demais.

Para ver a entrevista completa:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lavanguardia/2008/03/10/ult2684u417.jhtm

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Quando a gente já não sabe e não precisa saber

Acordei com a boca seca e a cabeça pesada. Quando abri os olhos, a claridade da minha janela, com aquela persiana desengonçada, encardida e entreaberta, foi como um soco na minha cara. Virei pro outro lado e fiquei pensando como seria bom não precisar levantar naquele momento, não estar sentindo dor de cabeça e mais, como seria maravilhoso mergulhar num balde de água fria. Aí tenho a brilhante idéia de dormir mais 10 minutinhos porque, afinal, que diferença vai fazer? Acabo não dormindo nada porque fico tentando lutar contra a preguiça que quer me amarrar à cama. Com o olho fechado tento encontrar o copo com água que deixo ao lado da minha cama, no chão, quando sei que vou precisar me hidratar durante a madrugada, ou o que restou dela. Percebo que o copo virou, porque joguei da cama o cachorro com o qual eu tava dormindo. Meu cachorro de pelúcia. É fofo, não me rouba a coberta nem me joga pra fora da cama, não ronca, não peida e, principalmente, não reclama e nem me cobra nada. Tudo bem que... né? Mas nem tudo é perfeito. Levanto e me deparo com um monstro descabelado com a maquiagem borrada - eu sempre tenho preguiça de tirar a maquiagem - coloco o chuveiro na água fria, porque a água quente me deixa cansada nessas horas, desperto metades dos neurônios e consigo abrir ao menos um olho completamente. Nessa hora sinto meu estômago comprimido, mandando um recado pra minha garganta pra que, se ela deixar algo passar por ali, haverá resistência. Mas como eu sei que se não como quando acordo, fico enjoada, não comer quando acordo enjoada pode piorar a situação. O café sempre me faz bem nessas horas, forte, não muito doce, até consegue acordar mais meia dúzia de neurônios meio lesados. (Café me faz bem em qualquer hora). Aí é vestir uma roupa qualquer... eu nunca tenho paciência pra pensar numa composição mais elaborada quando acordo assim - se você me vê todo dia vai pensar: "Fodeu, a guria tá quase todo dia desajeitada" - passo um lápis pra disfarçar a cara inchada, apesar de não saber até que ponto passar lápis nos olhos ajuda a esconder uma cara inchada, coloco o óculos de sol e saio saltitante, mas sem saltitar muito, porque a cabeça ainda dói. É no caminho, seja lá onde estiver indo, que começo a rir de mim: pelas palavras desconexas, risadas sem motivo e pensamentos sem sentido. E me pergunto: até que ponto isso tudo não passa de um breve momento de loucura, no qual tento aproveitar ao máximo a minha liberdade, ou será uma constante, uma longa fase da minha vida, na qual ainda vou rir muito, chorar um pouco e colecionar novos amigos e histórias pra contar, pros netos que eu não vou ter?
E me respondo (perguntando): Desde quando eu preciso definir os momentos, delimitar barreiras entre loucura e sanidade - o que, na verdade, ninguém nunca conseguiu - pra ser feliz e viver a minha liberdade?
Pareço personagem de uma comédia, onde atuo e assisto, rindo da minha necessidade de definições e da vontade de me ver livre delas.