quinta-feira, 30 de outubro de 2008

santa chuva

"Não há porque chorar por um amor que já morreu,
Deixa pra lá, eu vou, adeus.
Meu coração já se cansou de falsidade"

sábado, 25 de outubro de 2008

Fungos

Eu andava desligada, sem concentração, não conseguia pensar. Juro! Estava tudo no automático, nada era analisado por um ângulo mas crítico. Nada me tocava, NADA me deixava nem alegre, nem triste. As coisas, fossem como fossem, não precisavam de interferência, estavam ali, uma relação unilateral entre o mundo e eu. Procurei ajuda especializada. Medicina alternativa. E vem o diagnóstico: fungos mentais. No primeiro momento imaginei meu cérebro tomado por fungos, eles eram verdes. Achei graça! Depois lembrei que quando fiz aquele exame que identifica alergias, a única mais grave era justamente fungo. Filhos da puta! Podiam me afetar em qualquer parte, sabendo que sou vulnerável a eles, mas poxa, justo no cérebro? Muita sacanagem. Já me imaginei com cogumelos saindo pelas orelhas. Nojento!
- Como assim, fungos mentais?
Ela - uma senhora simpática que adorou a blusa estilosa que eu usava, da minha mãe por acaso, e morreu de sono quando começou a conversar comigo, dizendo que não era cansaço dela, mas sim as minhas energias que ela estava absorvendo, todas negativas - riu.
- Não é como você está imaginando. São seus pensamentos, nada do plano material.
Meus pensamentos boloraram. Como aquele resto de lasanha de abobrinha que eu deixei uma semana na geladeira. Uma semana é muito tempo para uma lasanha de abobrinha. Mas qual é o prazo de validade para um pensamento?
Sabe, nunca tinha pensado nisso. Um pensamento novo. Quanto tempo ele irá durar sem ser tomado por fungos?
- E qual a cura?
- Parar de trazer esse pensamento do passado para o presente. Tudo, em seu devido lugar, se mantém conservado.
Fungos podem ser decompositores ou parasitas. Esses não eram decompositores, caso contrário, teriam matado os pensamentos. Como parasitas estavam tentando infectar tudo e roubar todas as minhas idéias. Quanta coisa boa eu perdi alimentando fungos.
Trabalho difícil acabar com eles. Mas meus pensamentos bolorados precisavam ser isolados. Pelo que entendi, com seu posto de lembranças longínqüas, eles não fazem mal nenhum. Os fungos não contaminariam o resto dos pensamentos presentes. Seria bem mais simples usar um fungicida, via oral, nasal, intravenoso, eu estava disposta a tudo. Mas fungos mentais não são tão simples. Desgraçados parasitas. Precisam de um trabalho intenso, policiamento contínuo. Me ocorreu então, que perdoar fosse o melhor remédio. Sem ressentimentos, com os fungos, e com o maldito pensamento que não me deixava em paz, mesmo que eu não soubesse que ele estava ali, eu poderia me curar.
O conhecimento da sua existência era o primeiro passo. Eles estavam ali, fungos entrelaçando aos meus pensamentos impedindo qualquer conexão entre meus neurônios. Não por acaso, tinha sonhos estranhos dos quais não me lembro nem a metade. Como uma coisa tão pequena pode fazer tamanho estrago?!
Foi então que perdoei. A descontaminação é lenta. Mas já sinto sinais de melhora. Já consigo enxergar melhor as pequenas coisas da vida que fazem sentido, rir, ficar triste e, pasmem, voltei a fazer piadas sem graça.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"A consciência é um estorvo. Ela é como uma criança. Se você enchê-la de mimos, brincar com ela e deixá-la ter tudo o que deseja, irá estragá-la, e ela vai se intrometer em todos os seus prazeres e pesares. Trate a sua consciência como se deve tratar uma criança. Quando ela se mostrar rebelde, bata nela, seja severo, discuta, evite que ela venha brinca com o senhor a qualquer momento. Assim o senhor terá uma boa consciência. Em outras palavras, uma consciência devidamente treinada. Uma consciência mimada acaba com todos os prazeres da vida. Eu acho que a minha me obedece. Pelo menos ela não me aborrece há algum tempo. Talvez eu a tenha matado por excesso de severidade. É errado matar uma criança, mas, apesar de tudo o que disse, a consciência difere da criança em vários aspectos. Talvez o melhor seja matá-la".
Mark Twain, pseudônimo de Samuel Langborn Clemens (1835-1910).

"Mark Twain"era o grito dos homens que sondavam a profundidade do leito do Rio Mississipi, significa, "numa corruptela do inglês, uma medida de duas braças, ou 20 palmos". Ele foi gráfico, ourives e marinheiro de embarcações no Rio Mississipi, antes de se tornar editor em um jornal de Nevada.

Tirei o trecho do livro "A arte da entrevista", onde está publicada a entrevista que ele concedeu a Rudyard Kliping para o From Sea to Sea, em 1889.

Uma sugestão: http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024
A Mari me indicou e eu estou quase terminando de ver.

sábado, 4 de outubro de 2008

Você sempre pode pensar que já viveu muita coisa nessa vida e que, dificilmente, alguma coisa irá te surpreender. Você acredita nas pessoas, ou ainda tenta acreditar, tenta jogar fora aquela preguiça toda que invarialmente faz você pensar que levantar da sua cama e ser simpática e amável, é desperdiçar seu tempo. Mesmo porque, é com o tempo, que você percebe que tudo e todos cansam tanto, e você já está apática. O piloto automático está ligado! Você ri amarelo mesmo, não ouve o que te falam porque na maioria das vezes o que se fala, entende ou pensa, é egoísmo e narcisismo. Aquela desculpa que você dava pra você, pelo outros, de que era involuntário, já não funciona mais.
Você vê o mundo com outros olhos e todos rastejam. Todo mundo é sujo, cheira mal e lambe o chão. É triste pensar um mundo assim. Mas é assim que eu vejo hoje. A chuva já não limpa as almas... não mais. É cruel, mas ao ponto que chegamos, acho que todos precisariam morrer, assim, uma nova espécie surgiria. Os novos habitantes da terra poderiam até rastejar, mas não como rastejamos hoje, não sem nenhuma dignidade ou escrúpulo, não para passar rasteiras, não para cheirar os rabos, não para rebaixar o que somos.
As almas seriam renovadas, o cheiro seria de flores, as intenções seriam boas, a solidariedade uma premissa para a sobrevivência e não uma estratégia para a trapaça, a humilhação e,  para o êxito individual (sujo e sórdido - é preciso ser redundante).
É tanta sujeira que a única coisa boa que temos, o amor, não é valorizado. Os seres rastejantes sempre dão um jeito de envenená-lo. Era pra ser tudo fácil, limpo, cheiroso, luminoso, simples, elevado... e escolheram o chão. Hoje nos esfregamos no esgoto e parecemos gostar.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

um breve parecer

existe vida inteligente fora do orkut!