domingo, 24 de fevereiro de 2008
Quando a gente já não sabe e não precisa saber
E me respondo (perguntando): Desde quando eu preciso definir os momentos, delimitar barreiras entre loucura e sanidade - o que, na verdade, ninguém nunca conseguiu - pra ser feliz e viver a minha liberdade?
Pareço personagem de uma comédia, onde atuo e assisto, rindo da minha necessidade de definições e da vontade de me ver livre delas.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Tudo o que eu quero
Andava fugindo à razão. Meio despercebida, caminhando pelo caminho de todos os dias, me peguei inesperadamente fazendo um balanço sobre os últimos acontecimentos da minha vidinha mais ou menos. E fiquei com medo das coisas que desejo. Daquelas coisas que todo mundo deseja meio sem querer, sem nenhuma pretensão.
Lembrei que algumas coisas que pensei - meio sem querer pensar, como fatos que nunca iriam acontecer - estão acontecendo agora. O medo veio porque, justamente essas despretensões, se não se concretizaram ainda, estão se encaixando milimetricamente, transformando meus pequenos desejos
Acho que ainda não sei distinguir o que é apenas desejo absurdo ou desejo real.
Desejo absurdo porque as probabilidades de se tornarem reais são pequenas, como ganhar na mega sena, acabar com a fome no mundo, conhecer o príncipe encantado que chega num cavalo branco, essas coisas que, por elas mesmas, são exageradamente absurdas. Desejo real, porque com um pouco de esforço, estabelecimento de metas, feeling para as oportunidades, não fica tão difícil de realizar. Só é complicado, distinguir o real do absurdo, quando se tem preguiça de pensar.
O medo também vem de desejos maus e egoístas, que se encobrem pra que eu possa acreditar que não sou tão ruim assim. Mas nem sempre, o que é ruim pra você, é o mesmo pra mim. Então o jogo se inverte e eu descubro que o que eu não queria mesmo, era me importar mais comigo que com você. Das partidas que joguei, nas quais eu favorecia as cartas do oponente, entendendo que tudo que a gente dá, recebe em dobro, eu percebi, só agora, que perdi. O fato de jogar sujo, mesmo que a favor do opositor, não me isentou de terminar a partida como trapaceira.
E num momento (escasso) de razão eu entendi que, um dos meus anseios, quase inconsciente, era também perder, porque então eu poderia conquistar todos os outros desejos, pequenos e grandes, racionais e insanos, inconseqüentes ou não. Assim, meio sem querer e com preguiça de pensar, eu matei um mito.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
O Pequeno Príncipe e a raposa
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua - disse o principezinho. - Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis - disse a rapsa.
- Mas tu vais chorar! - disse ele.
- Vou - disse a raposa.
- Então, não terás ganho nada!
- Terei, sim - disse a raposa - por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Assim, compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te presentearei com um segredo.
O pequeno príncipe foi rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu a tornei minha amiga. Agora ela é única no mundo.
E as rosas ficaram desapontadas.
-Sois belas, mas vazias - continuou ele. - Não se pode morrer por vós. Um passante qualquer sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela quem eu reguei. Foi ela quem pus sob a redoma. Foi ela quem abriguei com o pára-vento. Foi nela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi ela quem eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Já que ela é a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus... - disse ele.
- Adeus - disse a raposa. - Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
-O essencial é invisível aos olhos - repetiu o pincipezinho, para não se esquecer.
-Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
-Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu ele, para não se esquecer.
-Os homens esqueceram essa verdade - disse ainda a raposa. - Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...
-Eu sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, para não se esquecer.
O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Efeito borboleta
Quantas escolhas na sua vida você já fez assim?
Estradas de asfalto. Falta de calor. Falta de cor.
E se pudéssemos conhecer tudo, prever tudo, se tudo fosse determinado previamente e não pudéssemos intervir, como o Demônio Laplaciano, cuja inteligência onisciente previa o futuro, mas a ele restava apenas assistir aos acontecimentos... entediante.
Nunca acreditei em destino, e sempre fui intolerante com quem acredita!
A *Teoria do Caos* propõe uma espécie de determinismo, até certo ponto, quando um efeito borboleta incide sobre o sistema. O destino existe, mas é influenciado por nossas escolhas. Em vários momentos de nossas vidas, somos colocados em frente a caminhos que podem gerar consequências diversas em nossas histórias.
Não existe pré-determinação e sim escolhas!
Ahan! Eu sempre falei que preferia poder controlar minha vida, mas acabei descobrindo que não é tão fácil assim.
Ordem e desordem
"O relógio simbolizou, para muitos autores, a ordem do universo. Seus movimentos são totalmente previsíveis. Para saber como funciona um relógio, basta desmonta-lo e compreender como suas peças se encaixam. Da mesma forma, para compreender a natureza, bastava desmontá-la, descobrir como funcionam suas partes e tudo se revelaria com espantoso determinismo". Um pouco da *Teoria do Caos* de Benoit Mandelbrot, apesar de o texto ser de um site!