terça-feira, 25 de janeiro de 2011

terça-feira, 6 de julho de 2010

caos

Caos é o que tem acontecido dentro da minha cabeça ultimamente, toda vez que eu sento em frente ao computador pra escrever aqui. Mas foi difícil perceber. Eu queria mesmo era mudar o nome do blog, coloquei isso como um obstáculo pra escrever... já devo ter perdido uns 200 textos, muitos com menos de 200 palavras, pensando que só ia escrever quando achasse um nome, mudasse o layout. não o fiz e hoje quebro uma barreira, porque a primeira delas precisaria ser quebrada um dia.

confesso que ainda tento fugir do texto parando de digitar e olhando pras minhas unhas com esmalte vermelho e descascado, com a cutícula já por fazer. ou então com quatro dedos fico contando até cinco, formando um ciclo infindável que não adianta nem explicar que ninguém vai entender. é a mais nova das velhas manias.

sabe quando você se promete todos os dias: amanhã eu vou me organizar, vou colocar todas as pendências em dia, passar a limpo minha agenda, começar academia, voltar pra terapia... mas nunca consegue cumprir?

esse é o caos! não é apenas uma desordem externa e interna, mas a ausência de uma força organizadora das ideias que possa empilhar todos esses papéis bagunçados no chão dessa memória que já de nada adianta.

o caos da desordem. classificar parece fácil, mas a falta de lógica cria empecilhos para separar o real do irreal, o importante daquilo que não faz sentido... acaba tornando real o que não passa de ilusão.

tanto caos levou embora a sequência que estabelecia em raros, mas deixo claro que existentes, momentos recheados de pensamentos com algum grau de conexão entre si. nesses momentos eu me sinto tão feliz e tão completa e tão entendedora de mim e do resto de todas as coisas, mesmo sabendo que isso é impossível de existir.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

vocês já pararam pra pensar que algumas pessoas só fazem sentido nesse mundo porque elas conseguem expressar bem seu sofrimento? e se elas não sofrem, é como se deixassem de existir. Deve ser questão de essência.

Um dia eu achei que fosse assim, por parar de sofrer tanto, um dia parei de existir... mas alguém me pegou pela mão e me ensinou a reinventar, até ressurgir com outra essência.

em alguns momentos eu ainda me pego achando que só vive quem sofre, mas alguém me ensinou que o sofrimento é só uma parte

domingo, 28 de março de 2010

orgulho

sabe o que me dá orgulho? saber como as pessoas são podres e por isso veem tanta podridão alheia, quando eu, por inteiro, sou toda verdadeira... pq posso até esconder algumas fraquezas, mas não deixo de falar minhas verdades podres... com certeza não sou perfeita, mas faço questão de deixar isso bem claro, coisa que as vezes até acho auto-sabotagem, mas e dai?? quem realmente se importa me ama mesmo assim

How much can I?

Descobri que entendia erradas duas palavras de uma música do White Stripes que adoro, escuto pelo menos uma vez por dia, quando não umas três vezes... o problema é que eu acho que o que eu entendia se encaixa muito melhor na letra, ou é exatamente o que eu queria entender...

segue a letra na versão original, pra minha versão mude fake por think, que pra mim faz muito mas sentido... mas é pra mim, pode não parecer o mesmo pra você.

"sometimes I think I can
but how much can I fake"

ai vai a música completinha para deleite:

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Quando o inimigo é você

Acabei de chegar em casa, ia fazer um suco, mas vi algumas cervejas na geladeira. Abri uma pale ale e acendi um cigarro, apesar de ter parado de fumar há umas três semanas. Sabia que aqueles dois cigarros que eu tinha deixado sobre a mesa da sala iam ter serventia um dia. Penso numa história há dias e decidi que hoje iria escrevê-la, pelo simples fato de que escrever aqui me faz bem.

A primeira vez foi a mais ou menos seis meses. A sala de espera estava lotada e eu por muitas vezes me perguntei o que estava fazendo ali. Uma mulher loira, de uns 45 anos também aguardava. A ela faltava um pouco de pudor e talvez aprender a controlar o volume da voz, pois parecia querer contar a todos que já estivera ali antes e o que fazia. Quando ela entrou no consultório eu podia escutar sua voz do lado de fora, mesmo que a acústica do prédio parecesse boa. Ela ria e não parecia ser nada grave, apesar de transparecer todo o nervosismo na sua euforia. Talvez toda essa euforia escondesse seus problemas. Lembrei que um dia já fui eufórica e que agora preferia me calar a parecer uma ridícula. De uns tempos pra cá eu comecei a me importar demais com que os outros pudessem pensar sobre mim.

Quando chegou a minha vez, entrei no consultório e conheci meu psiquiatra. Ele parecia amigável, mas um pouco estranho. Gordo, com barba e estrábico. Eu realmente não sabia em qual olho fixar a atenção para conversar. Com toda objetividade e um pouco da timidez, comum a todas as pessoas que uma hora precisam expor tudo aquilo que lhe atormenta. Acho que ele percebeu e a primeira coisa que falou depois do meu relato, de que minha paranóia estava atrapalhando minha vida, foi que não apenas loucos procuravam psiquiatras. Eu não me senti aliviada, mas como se ele tivesse adivinhado que eu estava temendo a loucura. Não essa loucura saudável de deixar as amarras de lado e fazer coisas que qualquer conservador ou cristão iria condenar. Mas aquela loucura que nem camisa de força segura, mas quando o pior inimigo é você.

Sabe, é difícil perceber, e depois admitir, que todos os seus problemas são criados por você mesmo, quando tem medo do que as pessoas possam pensar de você, o julgamento que elas possam fazer de suas atitudes e, principalmente, no meu caso, o medo de que as pessoas tenham certeza da minha falta de capacidade, de me encaixar naquele grupinho do senso comum. Se existie um botão pro senso crítico o meu está desligado, para que a auto-crítica esteja lá no alto, no nível máximo que um ser humano possa chegar
Às vezes eu me condeno. Não! Eu sempre me condeno e me culpo por tudo e fico me massacrando psicológicamente pelas coisas que faço ou deixo de fazer e da avaliação que os outros possam estar fazendo disso.

Depois de falar tudo isso e mais um pouco, veio meu diagnóstico: transtorno de ansiedade social, ou fobia social. Eu tenho pavor da análise feita pelos outros sobre meu desempenho. Eu que sempre pensei que os outros deveriam ter medo de mim, me vejo acuada por qualquer cara feia, que pode ser motivada por uma prisão de ventre, uma briga com a esposa ou marido, ou simplesmente o mau humor. Eu sempre vou me achar culpada e ficar pensando o que foi que eu fiz praquela pessoa me achar um lixo e falar de mim para todo o resto do mundo, dizendo que eu sou um lixo humano, uma péssima jornalista. Também me culpo por não ser uma pessoa muito popular e engraçadona, daquelas que marcam presença e ninguém esquece. Eu sou praticamente invisível, uma farsa, uma pessoa que você conhece num dia e esquece no outro porque não tenho nada marcante, nem domino um assunto interessante pelo qual você vai me procurar para conversar por horas e horas até o dia amanhecer, tomando uma cerveja e acendendo cigarros um atrás do outro.

Saí de lá com uma receita e comecei a tomar dois dias depois. Não gostei do remédio... perdi a fome, a vontade de sexo e morria de sono o tempo inteiro. Oportunamente vi uma entrevista na Globo News sobre o uso indiscriminado de psicotrópicos. Eles citaram Torquato Neto...
"Quando nasci um anjo veio ler na minha mão

não era um anjo barroco, era um anjo muito solto

louco louco louco louco com asas de avião

e ele me disse e redisse consultando a minha mão

entre um sorriso de dentes

vai, bicho, desafinar o coro dos contentes!"

E disseram que o uso de medicamentos não é necessário em todos os casos. Todas as pessoas passam por fases de superação, durante as quais precisam enfrentar seus problemas. Eu fiquei convencida e abandonei o remédio. Por alguns bons meses me senti muito bem.
Até que comecei, de mansinho, a auto-sabotagem... quando me dei conta os malditos pensamentos já estavam instalados, tomando conta da minha vida sem que eu quisesse.
Sabe o que é pior? Saber que tudo está maravilhosamente bem na sua vida e que você não tem motivos para esses sentimentos, mas não consegue combatê-los, seja com reza brava ou tentando matar seu ego com budismo. Não dá! Ficar sentada comigo mesmo, contemplando as coisas sem julgá-las, dói demais quando você só consegue julgar a si mesmo e não vê uma saída com luz, praia, sol e uma mente legal que curte a vida sem se preocupar.
Não sei de onde veio essa preocupação excessiva, essa seriedade carrancuda e esse sentimento que me deixa corcunda de tanto me maltratar.

Só sei que há algumas semanas eu voltei ao mesmo consultório, onde só havia uma velhinha que perdeu a carteirinha da unimed e estava preocupada em esquecer o guarda-chuva, porque a memória dela já não a ajudava mais. Entrei na sala do médico e disse que continuava sentindo a mesma coisa e que queria outro remédio. Discuti um pouco sobre psicologia comportamental e sistemática e ouvi que sou uma pessoa com cultura e culta. Concordei com um sorriso amarelo, mas não quis dizer a ele que estava enganado, que eu era uma farsa e que isso era uma das coisas que mais me incomodava. Pra mim, todo mundo faz um julgamento da minha pessoa e eu posso ver pelos cantos seus risos e seus dedos me apontando, dizendo que eu sou um lixo de pessoa e de profissional, mas ninguém tem coragem de dizer isso na minha cara.
Eu sei, é bem egocêntrico pensar que ninguém tem nada mais importante ou interessante pra pensar ou fazer além de me julgar, mas é assim que eu vejo as coisas e é isso que eu quero mudar... só ainda não descobri como.

Pode ser uma questão química que com essas pílulas mágicas tudo vai se religar e funcionar normalmente, ou talvez chegue a hora em que eu precise enfrentar esse medo e, quem sabe, eu não consigo vencê-lo de vez e matar essas ideias insanas que nem camisa de força consegue deter.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Desatrofiando as asas

Levantei sem me preocupar com a hora. Fiz uma xícara de café, acendi um cigarro e sentei na janela do meu quarto, com as pernas cruzadas, olhando as pessoas andarem lá embaixo. Tão preocupadas! Eu não tinha preocupação nenhuma, a não ser a determinação de não me preocupar com nada, por pelo menos um dia.
Passei os dedos no cabelo, coloquei um cachecol, tirei o chinelo e pulei. A queda livre é como um grito surdo. O vento terminou de pentear meus cabelos e soprava em meus ouvidos. Antes que eu chegasse ao chão elas se abriram. Eu sabia que elas não tinham me abandonado, mesmo tão renegadas e atrofiadas elas ainda estavam lá. Voltei para o alto e voei sem rumo. Como ainda estavam fracas elas não aguentariam ir muito longe. Fui para o lugar mais alto que encontrei e me sentei. Queria aproveitar aquele momento, respirar profundamente e deixar cada momento registrado como uma fotografia. Era como se resgatasse uma sensação que estava perdida no passado e deixada apenas à lembrança. Chorei como uma criança, mas não sentia medo nem estava triste. Era intenso e eu precisava dividir aquilo com o mundo de alguma forma. "Tão grande que não caibo em mim", eu costumo escrever sobre essa sensação mas nunca soube explicar direito o que quero dizer com isso. Grande, mas de tão pequena não caibo em mim. Algumas vezes, quando vou dormir, tenho a sensação que ultrapasso a barreira da minha matéria e saio de mim. Não como uma alma saindo do corpo, mas extrapolando as barreiras e sendo maior que ele, como um contorno que é necessário para completar o desenho de quem eu sou: um amontoado que não cabe aqui dentro. É difícil pegar no sono nessas ocasiões. Fico com medo que o contorno se torne definitivo e visível para todos. Será que os outros também sentem isso e escondem seus contornos?
Uma música que eu nunca tinha escutado não me saia da cabeça, em inglês ela repetia um refrão com alguma coisa parecida com : "Last chance". Eu a ignorei. Não queria me preocupar, lembra?
Eu não percebi o tempo passar e já havia escurecido. Elas começaram a me puxar e eu sabia que precisava voltar. Deixei que elas fizessem o caminho. Eu tinha duas asas gigantes e coloridas. Quando botei os pés no meu quarto, elas se desfizeram. Centenas de borboletas estavam ao meu redor. Uma a uma, elas foram caindo. Uma a uma, elas se foram. Dizem que borboletas vivem apenas 24 horas. Elas viveram menos, mas pareciam realizadas. Então eu me dei conta que não mato mais borboletas, principalmente as do meu estômago. E todos os dias elas estão lá novamente.
Na outra manhã, acordei com uma revoada colorida me convidando para outro passeio.



Acho que está na hora de mudar o nome do blog.

PS.: Meu desafio insano foi uma farsa, não tive tempo nem disposição para colocá-lo em prática. Peço desculpas pelas expectativas criadas, se é que elas se criaram. Prometo ser mais confiável no próximo desafio (ou não). Melhor, prefiro pensar 10 vezes antes de propor um desafio.