domingo, 29 de março de 2009

Inspiração

Sabe o que eu queria fazer agora? Agora, mas seria algo que eu levaria meses, talvez anos, fazendo. Queria conversar com todas as pessoas que, de alguma forma, fizeram parte da minha vida. Aquela amiga de infância que eu nunca mais viu, aquela vizinha com a qual eu implicava, mas não vivia sem ela, aquele menino da rua pelo qual todas as meninas babavam só porque ele era bonito, mesmo que ninguém NUNCA tivesse conversado com ele? Aliás, eu falaria muito sobre isso com as meninas, como é que a gente podia dizer que gostava de alguém sem nunca ter trocado uma palavra com o moleque? Sem saber se o cara tinha alguma coisa interessante pra falar, se saberia nos compreender quando estivéssemos surtando por causa de uma prova difícil na escola (se levarmos em conta que naquela época essa era nossa principal preocupação), na TPM, ou que não ficaria surtado quando a gente simplesmente não quisesse vê-lo pra ficar comendo brigadeiro e jogando conversa fora com as meninas. Como é que a gente se dizia tão apaixonada por um rostinho bonito sem nem sequer saber se ele tinha potencial pra aguentar nos ver amadurecer?
Também tem as pessoas com as quais eu fiz cursos de inglês, informática, artesanato e aquelas coisas inúteis que minha mãe me obrigava a fazer pra não ficar em casa enchendo o saco. Aquela professora que me adorava e aquele professor que sempre implicava comigo. Aqueles parentes distantes que só encontro em casamentos e funerais. As amigas que até poucos anos iam onde eu estivesse para conversar, pra dar colo ou pra tomar um banho de chuva. As cozinheiras do antigo restaurante do meu pai. Os estagiários do departamento ao lado do meu, na Unicentro. Aquela amiga das minhas amigas que eu nunca dei chance de aproximação, por pura implicância. Aquele amigo com o qual eu nunca mais conversei e que, por algum motivo que eu nem imagino qual seja, a gente finge não se conhecer quando nos cruzamos.
Excluí dessa lista pessoas com as quais eu não troquei mais de cinco dúzias de palavras, sem contar os artigos, em uma única conversa. Por algum motivo acho que as pessoas com as quais troquei menos que 60 palavras não têm potencial pra suportar uma conversa tão longa quanto a que eu quero ter. Não existe teoria ou comprovação, mas eu preciso impor limites. Eu até pensei em estabelecer uma margem maior de palavras, mas lembrei que essa ideia de conversar com alguém, virar as costas e pensar: ta aí uma pessoa que eu nunca mais vou ver na vida, não é minha.
Bom, eu sentaria com essas pessoas embaixo da pereira que existiu durante muito tempo em frente à minha casa. Ela foi das poucas árvores do terreno que eu não consegui escalar, porque os galhos eram altos. É uma pena que essa árvore tenha sido derrubada para a construção de mais um anexo da minha casa. Ela esteve lá desde que minha casa era uma meia-água, eu devia te uns três anos quando fui morar lá, até depois de se transformar em uma casa inteira com telhado invertido em formato de asas. Era assim que eu enxergava.
Comendo uma pêra dura e suculenta - que eu nunca mais encontrei igual - eu conversaria com elas sobre as coisas que aconteceram na minha vida desde que a gente deixou de se falar e também sobre coisas que aconteceram antes disso. Queria saber o que elas fazem hoje, porque escolheram ser isso ou aquilo e o que elas pensam da vida. O que elas pensam quando chegam em casa cansadas, quando estão estressadas, do que têm medo. Queria dividir sonhos, os realizáveis e aqueles sonhos malucos, que todo mundo sabe que nunca vai acontecer, mas para os quais faz planos detalhados com estratégias mirabolantes e engraçadas. Eu ouviria horas esses relatos. Eu gosto de ouvir o que as pessoas têm a dizer, principalmente aquilo que elas quase nunca falam porque acham idiota. Essas são as ideias mais preciosas de uma pessoa. É o melhor combustível pra fazer qualquer ser humano pensar que vale a pena continuar vivo.
Eu também falaria horas. Contaria o que mudou na minha vida, que nada é o que eu imaginei que seria, mas que tudo é mais lindo quando a gente não fica se cobrando daquilo que poderia ter sido ou do que poderia deixar de ser. Eu contaria as coisas tristes e choraria, eu também o faria ao ouvir as suas histórias tristes. Assim, eu as sentiria mais intensamente. Falaria sobre o que eu penso hoje, sobre o que pensei um dia, sobre o motivo da mudança de opinião e de outros pontos de vista. Com as conversas, eu queria mudar de opinião o tempo todo e, no final de tudo, eu queria muito que minha opinião fosse uma junção de um pedacinho mínimo do que cada uma delas falou pra mim. Se eu pudesse, cada pedacinho desses seria depositado em uma caixinha. Quando eu tivesse uma dúvida, não soubesse o que fazer em alguma situação, eu chacoalharia a caixinha e de lá sairia não uma resposta pronta, mas inspiração.

sábado, 28 de março de 2009

quanto ao vestido da formatura...

... nem vai mais ser aquele, a mudança consumiu todas as minhas economias(?) e eu não tenho grana pra mandar fazer.
Na verdade, eu saí e me embebedei uns 23 dias, dos 30 que estive em férias - ainda faltam 4 - e, como vocês devem supor, gastei muito dinheiro com isso.
Estou satisfeita com o resultado. Devo ter engordado os 3 kg que tinha perdido nos últimos 4 meses e matado mais uma porção dos meus já raros neurônios. Mas quer saber? Eu me diverti! E não foi pouco, não. Ri horrores, falei muita, mas MUITA merda, saí de bar e dei uma volta na quadra correndo, estive o tempo todo rodeada por pessoas queridas.
Não quero escrever muito, amanhã vamos nos mudar e eu estou depressiva. Gosto muito desse apartamento e moro aqui há mais de quatro anos. Me apeguei. Fazer o que? Dizem que é comum que todas as pessoas do mundo fiquem arredias à mudanças e, como parte desse senso comum eu estou com um puta aperto desgraçado no peito. Mas passa... passa, eu espero.
Alguém me abraça, por favor?
Mãe?

sexta-feira, 20 de março de 2009