sábado, 21 de junho de 2008

O sol, eu e Mersault

Nos dias de mais frio, quando o sol insiste em brilhar forte, tem uma coisa que eu adoro fazer e que, infelizmente, não posso fazer em todos esses dias. Na minha casa em Guarapuava tem um quintal gigante. Minha mãe tem mania de colocar os colchões no sol - diz ela que o motivo é a umidade, eu adoro porque à noite o colchão ainda está quentinho. Ela encosta os colchões na parede dos fundos, perto da porta da cozinha. Depois do almoço eu adoro sentar no colchão e ficar tomando sol. É nesta hora que o sol está mais quente e um pouco inclinado, no ângulo perfeito pra uma seção de lagarteamento.
Sempre tem alguém pra conversar, minha vó, minha mãe, meu pai, a giuli, o zé, os gatos, as galinhas... não que eu converse com gatos (só com o Nacho) e com galinhas, mas eles não podem ser simplesmente descartados como companhia.
O sol demora a esquentar, mas quando esquenta, parece que a pele toda está borbulhando... é mais ou menos aí que todos resolvem me abandonar e eu fico ali sem forças pra levantar. Os únicos pensamentos que consigo ter são:
- O sol é bom, o calor é bom!!!
Mas aí o sol me cega, eu não enxergo mais nada, perco momentaneamente o controle sobre mim, sei que tenho que sair dali mas não consigo levantar. É nessas horas que eu entendo o Mersault*... o fato de o sol ter o cegado e ele não conseguir explicar porque matou. Não, nesses momentos eu não estou mais propícia a cometer um homicídio, eu simplesmente estou mais propícia ao descontrole... o sol não cega só os olhos, mas cega a mente, deturpa a visão e a razão. A estes ingredientes você junta outros fatores, como acontecimentos recentes, passados lingínqüos, ideologias, filosofias (absurdas). Misturando tudo e deixando no sol você chega a um assassinato sem explicação ou a um corpo cambaleante que, inerte, se joga em um colchão, na sombra.

As bolinhas vermelhas , como meteoritos em chamas, permanecem por um tempo tempo na minha visão.

*Personagem principal de "O Estrangeiro" de Albert Camus.

sábado, 7 de junho de 2008

O que me preocupa hoje é a minha falta de preocupação. Minha maneira de levar as coisas, do jeito que der pra levar, sem muito esforço pra fazer melhor ou impressionar. Tudo bem, que agora eu abro a boca e bato o pé quando acho que tá errado, mas nem sempre é assim e nem sempre foi assim. O modo como estou cagando pro meu tcc me deixa nervosa, mas eu não fico nervosa e faço meu tcc, eu simplesmente ignoro ele.
Uma coisa tão grande e sem explicação. É um vazio que, de tão vazio, tá apertado, não cabe mais dentro de mim. O vazio é mais apertado que o cheio. O cheio se acomoda e não deixa espaço pro aperto. Mas será que o cheio preenche tão bem assim?
Eu só faço brigar comigo... e o vazio só parece aumentar. O aperto esmaga cada vez mais. Como se o vazio e o aperto, juntos, tirassem tudo o que resta de mim. E esse tudo já é tão pouco e sem sentido e, mesmo assim, eu não consigo me preocupar. Fim!