quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Férias

O doce mais gostoso do mundo, com creme de coco e morangos, não tinha gosto. O tempo passava como se meu corpo não sentisse, como se meu cérebro estivese amortecido demais para se dar conta do que passava ao meu redor. Foram uns quatro dias. Nestes, a impressão que tive, foi a de que não vivi. Foi tempo perdido, desperdiçado, para algo maior que me puxava pra dentro de um poço fundo, que parecia sem volta. O único momento de resgate para a realidade foi quando eu estava bêbada, mas eu estava muito bêbada pra saber distinguir a fantasia do real. Eu podia dormir horas, eu podia olhar horas para um ponto fixo sem nenhum sentido e sem, realmente, pensar em alguma coisa. Eu, simplesmente, não conseguia pensar. Se eu pudesse raciocinar, ao menos um pouco, iria jurar que tinha sido lobotomia e ia ter medo que não tivesse volta. Mas acho que eu simplesmente tirei férias de mim. Era imprescindível, então, que eu não descobrisse. Para isso cortaram todas as ligações dos sentidos com meu cérebro: eu não sentia gosto, cheiro, não via ou ouvia, é certo que falei algumas frases soltas e sem sentido por aí, mas nem lembro muito bem. É bem certo que não vivi esses dias. É certo também que falhei, as lembranças me denunciaram à pequena parte que ficou de plantão. E ontem, quando eu menos precisava voltar à mim, antes de dormir, eu voltei. Não foi como uma pancada na cabeça ou como receber uma entidade. Quando encostei a cabeça no travesseiro, eu apenas senti, tudo de novo, the same old way... dormi feliz, por estar de volta.

2 comentários:

Gungi disse...

Musiquita para o momento: wish you were here...

loucuraa

beijão

amanda audi disse...

que texto legal!