Por que, quando não amamos, estamos mais propensos a escrever sobre o amor? Não sei se este é o seu caso, mas é o meu. Até cheguei a uma conclusão absurda: É pra preencher espaço. Já que o amor não existe dentro de mim, falemos como ele é, não é, deveria ser, poderia ser, gostaria de ser, aqui fora. Se é que ele habita esse vazio exterior.
Que o amor é uma coisa louca, todos sabem, mas ele também dispensa sentidos: a fala e a visão. Você pode até achar o cara bonitinho, ele pode se vestir bem e ter aquelas costeletas que você adora. Pode ser inteligente, e com ele rolam aqueles papos super desconexos e engraçados, ele pode falar tudo aquilo que você sempre quis ouvir. Mas se quando você fechar os olhos, e deixar agir só tato e olfato, não sentir aquelas ondas elétricas que dão aquele frio na barriga e arrepiam até a alma, não orna.
Não adianta insistir! Nem dar uma chance, nem pensar melhor sobre o assunto. Essas coisas simplesmente não são assunto da razão! É o corpo querendo estar perto, mais perto, encaixado. Você nem planejou e as suas roupas já estão jogadas no chão, o pudor não faz mais sentido algum. Vocês não precisam falar nada, nem ver nada. É com os olhos fechados e a boca calada, que você mais vê, mais fala, mais sente. Tudo se resume a sentir a pele, secar o suor, trocar fluidos.
O amor só acontece quando seus poros sentem falta do calor da pele, quando seu nariz precisa daquele cheiro mais que do ar, quando suas mãos sentem falta de ficar fazendo aquele carinho bobo na barriga dele, quando a sua cabeça sente falta de ficar aconchegada no seu ombro, porque aquele ali é o seu lugar, foi feito pra você.
Como as pessoas, até algum tempo atrás, conseguiam casar sem antes amar? Não pode ser só de hoje que os vestidos de noiva brancos escondem muito sexo antes do altar. Eles dizem pureza, mas quer mais purificação do que o amor, do que a carne, do que o seu corpo precisando do meu pra não se desfazer com qualquer ventinho à toa?
É desse amor cego que você pode chegar a este amor inexplicável e incerto, que todo mundo quer um dia. Não vejo outra forma. Se não tiver pele, não tem amor. Se não houver a cumplicidade da entrega muda e cega, não é amor.
Quando eu amei, foi como se ele tivesse colocado uma semente no seu estômago - não, não é no coração - porque é ali que tudo irrompia quando eu sentia o seu cheiro, quando tocava a sua pele. E quando ele não estava por perto, a semente doía, era apenas uma intrusa. Assim como eu, ela era regada nos momentos em que nos abraçávamos ensopados de suor, fatigados pelo gozo.
Mas a semente morre quando não é regada. Ela secou. Eu vomitei. O amor acabou. É assim, o amor. Você cheira, você toca, você beija, você fica sem ar. Mas a semente é só uma semente, dela não nasce uma flor - ainda bem!-, ela apenas se aloja no seu estômago, enquanto faz sentido estar ali. Pode ser que nunca morra, mas não há nenhuma garantia de que um dia ela não vai secar.
Mas depois, vem outro cheiro, outro toque, outra forma de mudez, outra cegueira, outro desconforto gostoso no estômago...
Meu nome não é Luciana
Há 5 anos
5 comentários:
Você nao sabe como estou feliz por você ter escrito esse texto. Orgulho de você!
Aliás... "não tá ornando isso aqui não, dono".. vou falar essa frase qualquer dia! hahaha
acredito que ficamos mais propensos por que sentimos falta dele...
beijoo
escrever sobre o amor é mais bonito quando não se tem um, acredito eu, pq aí o amor descrito não tem a forma da pessoa amada. Ele é mais amplo, mais universal. Vc pode estar falando do meu amor, do amor dela, do amor que vc vai ter um dia. e é por isso q me identifiquei bastante.
Vc escreve muito bem.
beeijo.
tatilazz.zip.net
mulheresdeathenas.blogspot.com
Não sei se ele sente orgulho, mas sei que sente muita saudade.
Adicionei vc, tinha q entrar no da Pati para te achar.
Haha
Beijo
ai, vaca, que intenso.
você tá falando sobre os seus sentimentos sem rodeio... orgulho.
;***
Postar um comentário