Andava fugindo à razão. Meio despercebida, caminhando pelo caminho de todos os dias, me peguei inesperadamente fazendo um balanço sobre os últimos acontecimentos da minha vidinha mais ou menos. E fiquei com medo das coisas que desejo. Daquelas coisas que todo mundo deseja meio sem querer, sem nenhuma pretensão.
Lembrei que algumas coisas que pensei - meio sem querer pensar, como fatos que nunca iriam acontecer - estão acontecendo agora. O medo veio porque, justamente essas despretensões, se não se concretizaram ainda, estão se encaixando milimetricamente, transformando meus pequenos desejos
Acho que ainda não sei distinguir o que é apenas desejo absurdo ou desejo real.
Desejo absurdo porque as probabilidades de se tornarem reais são pequenas, como ganhar na mega sena, acabar com a fome no mundo, conhecer o príncipe encantado que chega num cavalo branco, essas coisas que, por elas mesmas, são exageradamente absurdas. Desejo real, porque com um pouco de esforço, estabelecimento de metas, feeling para as oportunidades, não fica tão difícil de realizar. Só é complicado, distinguir o real do absurdo, quando se tem preguiça de pensar.
O medo também vem de desejos maus e egoístas, que se encobrem pra que eu possa acreditar que não sou tão ruim assim. Mas nem sempre, o que é ruim pra você, é o mesmo pra mim. Então o jogo se inverte e eu descubro que o que eu não queria mesmo, era me importar mais comigo que com você. Das partidas que joguei, nas quais eu favorecia as cartas do oponente, entendendo que tudo que a gente dá, recebe em dobro, eu percebi, só agora, que perdi. O fato de jogar sujo, mesmo que a favor do opositor, não me isentou de terminar a partida como trapaceira.
E num momento (escasso) de razão eu entendi que, um dos meus anseios, quase inconsciente, era também perder, porque então eu poderia conquistar todos os outros desejos, pequenos e grandes, racionais e insanos, inconseqüentes ou não. Assim, meio sem querer e com preguiça de pensar, eu matei um mito.
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