Minha principal ocupação do meu primeiro dia das merecidas férias: procurar um lugar decente, bem localizado, cuja via pública não seja frenquentada por prostitutas, traficantes, nem por gente feia. Ok, essa última característica não foi imposta por mim. Na verdade, a segunda característica também não me causa grande repulsa. Pensando bem, nem a primeira.
Mas voltemos ao objetivo primeiro: achar um apartamento. Estamos à poucos dias do despejo e, apesar de muitos já terem cogitado a ideia, não, não fomos expulsas.
Todos os locais habitáveis estão longe demais, ou pra uma, ou pra outra. Quando não estão longe, são caros. Quando não são caros, estão mal conservados. Quando são lindos, com boa localizados e aluguel barato, o preço do condomínio me faz pensar: por esse valor deve ter um mordomo pra cada morador, e eles servem café na cama, todos os dias.
Aí a busca parece infinita. Segunda, aliás, vou precisar teletransportar pra conseguir visitar todos os apês que marquei.
Eu sei que é a maior besteira do mundo, mas eu queria um conto de fadas.
Encontro o apartamento perfeito, ele é tão lindo e tem exatamente os móveis que nos faltam. A pintura da sala é toda estilosa, o banheiro é bem iluminado, tem uma parede com espelho do chão ao teto, banheira com hidromassagem, a cozinha é retrô, uma sacada onde eu possa colocar cadeiras e que tenha a vista de uma praça, ou parque, onde eu vou sentar nos finais de tarde de domingo e tomar uma cerveja, bem tranquila, e me sentir em casa.
A locação não será por imobiliária e o proprietário não exige fiador de Curitiba e até aceita seguro fiança. Mas ele vê que eu combino tanto com o apartamento, que resolve deixar tudo pela metade do preço, porque sabe que eu vou cuidar daquele lugar como se fosse minha casa. O que é quase uma verdade, ele foi feito sob medida pra mim, só faltava encontrá-lo.
Então eu começo a mudança no outro dia, todos os meus amigos me ajudam a encaixotar minhas tralhas e arrumar tudo bonitinho no meu novo lar.
O mais importante: meus amigos estarão bem perto de mim, não exatamente do outro lado da rua, mas a uma quadra de distância e, quando eu quiser conversar, fumar um cigarro ou comer um miojo, é só andar poucos passos e apertar a campainha.
Meu nome não é Luciana
Há 5 anos