sábado, 14 de fevereiro de 2009

mais uma sobre roupas de astronautas

Queria óculos que mostrassem cores fortes, que fizessem sentir vibrações, cheiros agradáveis, toques de vida, sensações esquecidas. Mas aí seria uma máscara. Melhor, uma roupa. Roupa de astronauta. Essa já grudou na pele. Não consigo mais tirar. Não é como super bonder que descola com água morna e um pouco de paciência. Dia desses tentei insistir um pouquinho mais e arranquei um pedaço da pele. Dói.
Queria lembrar o momento exato que parei de ver as coisas com empolgação e esperança. Sabe, talvez seja desses traumas que a gente resolve com um pouco de terapia e remédios tarja preta. Bons tempos aqueles de ocadil com vodka. Piadas infames que faziam brotar lágrimas de risos.
Hoje é tudo assim, tão indiferente. Sabe aquela alegria de olhar o mundo? Acordar abrir as cortinas, depois a janela, espreguiçar, ver o cachorro vir correndo ao seu encontro. A maquiagem e o cabelo já estão prontos. Não precisar de academia pra estar gostosa. Nem de cremes e perfumes pra ter a pele sedosa e aquele cheirinho bom. Tanto filme que tem isso. Acho que na verdade são desenhos animados. Mentira! Esses comerciais de suco de soja, ou de suco de laranja com gomos, também tem presunto de peito de peru, margarina com ômega 3, maionese de leite, light e sem gordura trans.
Tudo é tão perfeito e nada dá errado. O pão nunca cai, que dirá com o lado da margarina pro chão. Os personagens nunca estão de ressaca, com a cara amassada, maquiagem borrada, lente embaçada. Você esbarra no copo de suco de soja light, ele quebra, suja o chão e a roupa amassada que você colocou pensando: será que tá só amassada ou eu esqueci mesmo de lavar? Não, isso não acontece. Não nesse mundo aí que nem existe.
Pronto! Será que descobri? Não podem ser só essas coisas fantasiosas que a gente vê todo dia que deixam a gente assim, sem paixão pela vida e pelas pessoas. Não! Não pode!
Tem que ter uma explicação mais racional. Mas eu não sei. Não sei de nada. Só sei que eu queria sentir uma paixão intensa por essa vida, já que é só uma. Mas é tudo tão insosso. Eu sei, dá preguiça. Eu dou preguiça. Mas não queria ser assim. Queria essa lente "mental" que faz encarar a vida de uma forma genial. Deve estar em falta no mercado. Pode também ser um chip colocado em um número restrito de pessoas. Eu não devia estar na lista. Ou o meu deu pau. Entrou água, desconectou alguma coisinha ali, tinha defeito. Mas daí vão dizer que colocam defeitos pra fazer alguns testes. E quando não colocam, os defeitos aparecem de qualquer jeito. Falhas de percurso sempre acontecem.
Nem chorar mais eu consigo. Aí preocupa. Tem que ter emoção na vida. Não uma emoção eufórica de missão cumprida que dura 5 minutos e que não passa de adrenalina manipulada. Aquela emoção que brota e que persiste. Um incômodo gostoso, que eu não sei explicar, já que não posso sentir. Mas já ouvi falar. Não necessariamente ouvi, devo ter lido em algum lugar. Mas não lembro. A memória não dura quando não há emoção.
Não entendo mais nada. Não tento entender nada, nem sei se quero. Aí está! O problema. Não a solução.

2 comentários:

amanda audi disse...

pô!

Gungi disse...

Daí sobra a agonia, parece que ta sempre presente... e mesmo que vc não acredite, vc tava bem gostosa sabado passado...