quinta-feira, 30 de abril de 2009

Desafio insano

Depois de tomar umas cervejas com a Ale, tive uma ideia brilhante. Pelo menos foi o que eu achei. Resolvi me lançar, de cabeça, em um projeto solitário de jornalismo gonzo.
Lembro que li uma vez, se não me engano na Revista TPM, uma matéria de uma jornalista que passou um mês sem utilizar nenhum produto supérfluo. Se encaixam aí necessidades criadas pelo capitalismo, coisas que, sem as quais, as pessoas viviam muito bem há alguns anos. Um exemplo que eu lembro perfeitamente é o cotonete. (Percebe-se nesse caso o exemplo clássico de um produto que passou a ser mais conhecido pelo nome de uma marca que pelo nome do produto em si, que seria uma haste flexível de plástico com algodão nas pontas). Segundo a matéria, cotonete pode ser até prejudicial, já que, de alguma forma, a cera produzida serve pra proteger nosso sistema auditivo.
Minha irmã nunca poderia fazer um experimento desses. Eu explico: frequentemente chego em casa e ela está com um cotonete pendurado na orelha. É um vício. Uma caixa de cotonete por semana. O mais engraçado, e nojento, é que você encontra as malditas "hastes flexíveis de plástico com algodão nas pontas" jogadas por tudo quanto é lado. Nunca no lixo.
Minha ideia brilhante me levou, imediatamente, a vários dilemas. Estamos tão acostumados com esses tais produtos supérfluos, temos tantas necessidades, que fica difícil definir o que é supérfluo e o que não é.
Pergunto: cigarro é supérfluo? Bebidas alcoólicas são supérfluas? Usar o elevador é supérfluo? E andar de ônibus? Desodorante? Talco para chulé? Absorvente? E ter internet banda larga - sem a qual eu não poderia escrever aqui? Tenho aqui na minha frente um pinguim de "pelúcia" pra limpar meu monitor LCD, e aí? Meu Ipod? Celular? Brincos? E papel higiênico, meu santinho?
Eu não consigo responder a todas essas perguntas sozinha. Preciso de uma consultoria especializada em anti-supérfluos (tem hífem? preciso comprar um livro com as novas regras da ortografia).
Minha mãe sempre contou que ia pra escola a pé. Minha avó costurava as roupas de chita que ela e minhas tias e tio usavam. O material escolar era o básico do básico e levado dentro de um pacote de arroz. Nada de canetas de várias cores, cadernos da barbie, canetinha, mochila do seu desenho animado preferido. Refrigerante? Uma vez por mês quando meu avô ia pra cidade fazer o "rancho". Bala? açúcar derretido. OMG, poderei usar pasta de dente? Sabonete? Shampoo?
Como as pessoas viviam antes da industrialização? Não poderei ser tão radical. Produtos básicos de higiene estarão na lista, definitivamente. E alimentação? O que substituirá meu miojo?
Meu namorado vai detestar a ideia. As pessoas ao meu redor me acharão maluca. E eu nem vou poder discordar.
Mas o desafio começa depois de amanhã. Já que o evento do ano acontece no dia 1.º de maio e não é o dia do trabalhador, mas meu baile de formatura. Vou usar um vestido de bolinhas, fazer maquiagem e cabelo. Hoje já fiz pé e mão - leia-se tirar cutículas e passar esmalte, porque o resto já estava feito (piada sem graça, ok!). E também vai ter bebedeira até a hora que eu aguentar ficar em pé.
Também será excluída da experiência minha viagem pra Buenos Aires. Presente de formatura. Tudo bem que não vou fazer passeios turísticos, nem fazer compras - exceto o presente da minha irmã e da minha mãe. Vou viajar de avião, o que não deve se encaixar na experiência.
Tirando os quatro dias de viagem vou viver como uma monja por um período aproximado de 30 dias. E eu não sei se vou sobreviver, se vou seguir as regras à risca, nem como vou resolver todos os dilemas. O que sei, é que vou escrever sobre eles todos os dias aqui. Depois de amanhã. O que já torna tudo contraditório, pois vou usar computador e internet banda larga.
Medo!!!!

PS.: Desculpem-me pelos erros de português e pelo excesso de vírgulas. Como falei no começo do texto, estou levemente embriagada. Onde é que eu fui me meter?

Um comentário:

Filipe de Santa Maria disse...

Isso que vc disse me lembra deste texto: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/joaopereiracoutinho/ult2707u429186.shtml
- 100 objetos já está de bom tamanho!
Eu não viveria sem comida de microondas e dorflex. O resto dá pra encontrar numa boa biblioteca... heheh
E bebida alcoolica definitivamente não entra na lista. Os gregos, qndo iam a uma festa, por respeito ao anfitrião, tinha q beber vinho até cair. É uma questão histórica, e não consumista!
A vantagem é que o capitalismo não impõe nada, ele sugere. Vc aceita se quiser (ou tiver a cabeça fraca).
Bjos, e boa sorte! heheh