quinta-feira, 16 de abril de 2009

Definição

Eu sou como um rascunho sem cor. Um desenho de um artista amador guardado no fundo de uma gaveta mofada. Às vezes ele abre a gaveta e pensa em melhorar um pouco as formas. Mas por mais cores que eu ganhe, por mais que as linhas do rabisco sejam completadas, eu nunca passo de um rascunho inacabado e sem cor, no fundo de uma gaveta cheirando a mofo.
Ele usou tinta. Pintou num papel canson. A folha absorve a tinta, mas nunca perde a essência das primeiras linhas pinceladas. Um desenho sem relevo. Nem bonito nem feio, tampouco, genial ou estúpido. Não impressiona. Pode até prender o olhar por milésimos de segundo, mas é logo esquecido. Não possui traços marcantes. São pinceladas desleixadas, como se o autor estivesse pegando no sono e deixasse o pincel cair despreocupado sobre o papel. Disforme. Sem conceitos e sem correntes.
Um desenho limitado àquele pedaço retangular e que, ao mesmo tempo, não se encaixa a ele.

4 comentários:

mau disse...

Parando de analisar o mundo por esta ótica existencialista e onde tudo tem de ter um motivo, e do meu egocentrismo dentro da literatura e para a vida.

Diria que seu texto é uma bela definição de si mesma. Bela pela sinceridade e/ou bela pela explosão furiosa que ele demonstra.

amanda audi disse...

não combina nem um pouco com você essa definição.

Tatiana Lazzarotto disse...

meu rascunho está longe de ser uma obra de arte.

Mayhara disse...

apesar de tudo é bom.