segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

convenções e contradições

Teve um esses dias, de uma amiga que eu amo. Não fui porque não pude, mesmo. Tava até o pescoço com as coisa do TCC e simplesmente não dava. Eu tinha que estabelecer um objetivo na vida e deixar de lado essa maluquice que tentava me impedir de terminar a faculdade(era um medo gigante de largar a vida de faculdade, depois de sete anos). Dessa vez não teve como. Eu tive que ir. Me senti a Carrie, do Sex and the city. Indo de táxi, sozinha, para um casamento. Eu ia encontrar alguns conhecidos e, afinal, sou uma mulher moderna e resolvida. Chegando lá, eu era a única solteira, sozinha e rodeada por casais felizes. Olhando tudo aquilo, minha amiga com o sorriso na orelha, me senti feliz por ela e por mim.
Foi o primeiro casamento de uma amiga. Eu achava que ia pensar: Meu Deus, minhas amigas estão casando e eu estou ficando pra titia.
Não foi nada disso! Eu tive certeza que nunca estarei numa situação dessas. Tá, falando assim, parece que eu acho ruim, mas ruim não é o adjetivo exato. Cada um pensa do jeito que quiser, tem sonho de fazer faculdade, casar, comprar seu apê e ter filhos.
Eu não! Há um bom tempo aliás. Lembro de uma conversa que tive com a minha mãe. Eu tava contando que meu então namorado tava querendo morar comigo. Ela perguntou o que eu achava e eu disse que não queria. Ela me olhou espantada e perguntou: Então o que você tá fazendo com ele? - Ué mãe, sexo. Depois de um olhar de censura e um pouco de risada, eu expliquei que quero muito mais da vida e que, morando com alguém aos vinte e poucos anos, minhas chances de fazer tudo o que eu quero seriam podadas, se não completamente, pelo menos pela metade. Expliquei que gostava dele, mas que meus sonhos iam muito além de casar e ter filhos. Não nego que eu gostava de estar com ele e achava que ia ficar com ele pra sempre. Mas aí, morar junto, assim, antes de ter feito tudo que eu tenho necessidade de fazer sozinha, já é demais. Eu preciso me conhecer muito melhor, encontrar meu equilíbrio, me amar mais, viajar mais, conhecer mais pessoas. Quero, sozinha, comprar meu apartamento, meu carro, viajar e ter meus dias sozinha em casa, tomando vinho e lendo um bom livro, sem roupa e quietinha.
Então aquele não era o momento. Agora eu vou parecer um pouco contraditória, mas é preciso lembrar que aquele não era o momento. Eu quero, sim, um dia, quem sabe, morar com alguém. Mas não quero casar. Casamento-convenção, na minha vida, sempre remeteu ao fracasso. Você pode julgar, dizendo que eu sou traumatizada porque o casamento dos meus pais não deu certo. Ok, esse pode ser um fator de influência, mas não é o único. Pra que casar? Gastar dinheiro, fazer uma cerimônia pra mostrar pra todo mundo que o amor dos dois é único e eterno. Eterno o caralho! Eu não vou prometer uma coisa que não sei se vou cumprir, nem ouvir uma coisa que não sei se o cara vai poder cumprir. Não boto minha mão no fogo por ninguém, também.
Quando eu for morar com alguém, vai ser porque eu quero estar ali e porque eu sinto que a pessoa realmente me quer do lado dela. Enquanto esse sentimento durar eu fico por lá. Quando eu perceber que o sentimento está dando espaço à posse ou ao hábito, eu faço minha trouxa e vou embora. É por isso, porque o amor só existe quando duas pessoas se doam, completamente, que eu não preciso provar nada pra ninguém nem fazer juramento nenhum. E porque eu entendo que um dia ou outro as coisas podem mudar, tudo muda, o tempo todo, até as convenções. Minha mãe vê de um jeito, eu vejo de outro, mas respeito muito o que ela pensa. O que os outro pensam sobre isso também, que fique bem claro.
Se prestarmos um pouco mais de atenção, nem tudo é tão sofrido quanto a gente pensa, talvez a gente até acabe tornando tudo mais sofrido do que deveria ser. O que eu realmente quero dizer é que, sofrer, meu bem, não é tão ruim assim.

No final, me senti muito bem por estar ali, vendo minha amiga realizar o seu sonho, sozinha e com toda a independência pra sair de lá e ir pra outra festa e não ter certeza nenhuma, de nada.


Soneto de fidelidade - Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

4 comentários:

Caro disse...

Porque mulher que não quer casar é ligeiramente descriminada???
O negócio é não ter vergonha de ser egoísta, depedência sempre é decepção, independencia é liberdade.
Bjos

amanda audi disse...

que orgulho =)

mau disse...

Nossa eu amei! Ficou do caralho seu texto, suas idéias, muito bem organizadas. E seus ideais!
Eu sou o Eu sou!

Seja você mesma sempre, se descubra.
Quem sabe um dia ao emaranhado da minha cabeça eu também me encontre.

Um abraço amiga lindaaaaaaaaa gostosa!!

Tatiana Lazzarotto disse...

Q coincidência vc ter colocado esse soneto aqui. Eu falei sobre Vinícius no meu blog.

Eu também acho que não vou casar. Mas acho que terei filhos. Engraçado, né?
Nada convencional.

Eu achei legal vc sustentar essa ideia. Argumentá-la, defendê-la, enfim. Às veze eu acho q vou me deixar levar um dia. Por isso, não se espante se um dia eu entrar de véu e grinalda. rs